Compartilhado do Quarentena News
Por Jorge Antonio Barros
O nazismo mandou seis milhões de judeus para a câmara de gás. Dois agentes da Polícia Rodoviária Federal, no Governo Bolsonaro, deram o mesmo destino a Genivaldo de JESUS Santos, de 38 anos. É a PRF rezando na cartilha do genocida.
As imagens da prisão de Genivaldo, ocorrida ontem em Umbaúba, no Sergipe, não deixam dúvida de que ele foi vítima de um assassinato covarde praticado por bandidos de farda e distintivo, pagos com os nossos impostos. A Polícia Federal e a própria PRF já começaram a investigar, mas o mínimo que o Ministério da Justiça – ao qual a força é subordinada — deve fazer imediatamente é determinar a prisão administrativa dos dois agentes, iniciar o processo de expulsão deles da força, se quiser recuperar a imagem da Polícia Rodoviária Federal. Os superiores dos agentes também devem ser cobrados e responsabilizados.
Em menos de 24 horas, a PRF se envolveu em dois episódios em que há evidente excesso de uso da força. Antes do assassinato de Genivaldo, agentes da Polícia Rodoviária Federal participaram com o Bope da operação policial que resultou na morte de 25 pessoas no Complexo da Penha.
Quem diria que em apenas algumas horas a PRF sujaria a bela e saudosa imagem construída entre 1962 e 1967 pelo “Vigilante Rodoviário”, o seriado brasileiro que tinha como protagonista o policial rodoviário Carlos Miranda e inseparável Lobo, um cão pastor amestrado, que fazia a alegria da criançada, no combate ao crime.
A bem da verdade, o crime se sofisticou, tornando as rodovias federais do país as principais veias do crime organizado, como o tráfico de drogas, de armas e o roubo de cargas. Mas a Polícia Rodoviária Federal, como outras agências, desenvolveu apenas suas táticas operacionais e equipamentos, esquecendo o lado humano. O Jornal Nacional de hoje revelou que a proteção de direitos humanos, por exemplo, foi simplesmente removida do planejamento educacional dos agentes da Polícia Rodoviária Federal. Isso aconteceu sobretudo nesses anos de governo Bolsonaro.
Ao ser questionado sobre o assassinato de Genivaldo, Bolsonaro falou fino. Eu vi agora há pouco na TV. Disse que precisava “se inteirar melhor disso daí”. Mas não perdeu a oportunidade de insinuar uma justificativa para o assassinato de Jesus na câmara de gás. “Dois agentes da Polícia Federal foram mortos depois de terem as armas tomadas, no Ceará”, afirmou o presidente. Cínico como sempre. No episódio, no dia 18 de maio, em Fortaleza, os dois agentes foram mortos depois que um morador de rua tomou a arma de um deles.
Genivaldo não tinha qualquer passagem pela polícia. Era um trabalhador, pai de família, que sofria de esquizofrenia. E estava desarmado. Por mais que ele tenha tido uma crise na hora da abordagem, NADA justifica a forma como os policiais federais agiram. A ideia brutal de usar uma bomba de gás lacrimogêneo dentro da viatura só encontra semelhança com a forma como governo federal tratou vítimas de Covid no Amazonas, que acabaram morrendo asfixiadas. Lembram?
Genivaldo de Jesus é imagem de um país que não consegue respirar, escreveu outro dia a desembargadora Andréa Pachá, nossa colunista. Os métodos do governo bolsonarista são de fato sufocantes. Sufocam até mesmo a liberdade de pensamento e de expressão e tentam sufocar a democracia. Mas não conseguirão.
Genivaldo de Jesus foi abordado pela PRF porque estava pilotando uma motocicleta sem capacete, infração gravíssima, que prevê a suspensão do direito de dirigir. Bastava que os agentes dessem a multa de R$ 293,00, e Genivaldo estaria vivo. Já o presidente Bolsonaro foi flagrado andando de moto sem uso de capacete, em 7 de maio deste ano, no Rio Grande do Sul, e sequer uma multa levou.
A sociedade exige que seja feita justiça no caso da câmara de gás da PRF em Sergipe. Queremos estradas seguras por uma polícia responsável e que atue exclusivamente dentro da lei. #crime #assassinato #camaradegas
FOTO: Reprodução do flagrante de policiais rodoviários federais jogando bomba de gás lacrimogêneo na caçamba da viatura, com um homem dentro. Genivaldo acabou morrendo por asfixia
Jorge Antonio Barros -@reporterdecrime – é jornalista e editor do blog Quarentena News
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Excelente artigo. Ia escrever sobre isso, mas acho que esse artigo já falou quase tudo. Talvez tenha faltado dizer que houve também desvio de finalidade na atuação dos policiais porque eles não estavam numa rodovia e sim, na zona urbana da cidade. Acho que não deve ser a primeira vez que fizeram esse tipo de abordagem violenta. Eles estavam muito seguros de si.