Por Milton Pereira
Muito me surpreende que essa massa de manobra envolvida nos atos de fechamento das estradas, lobotomizada por políticos, militares e entidades religiosas, não compreenda no que está se envolvendo. Grandes empresários e financistas que querem continuar ganhando a mamata que ganharam em quatro anos e generais de pijama que nunca imaginaram meter a mão em tanto dinheiro podem se safar, mas os doentes mentais que estão fantasiados de patriotas submetendo-se a chuvas e enchentes, passando vergonha com suas palavras de ordem, marchando como zumbis tresloucados, rezando para pneus e ajoelhando-se em louvor a caminhões vão passar por momentos em suas vidas nunca antes imaginados.
E os terroristas envolvidos, financiados por grandes empresários e banqueiros, vão arrastar muitos patriotários, em suas senhas golpistas, a cometerem crimes em nome do fascismo que querem implantar no país. Através de mentiras e criações de narrativas inimagináveis de serem acreditadas por seres humanos racionais, incentivam essas pessoas medíocres a seguirem suas determinações usando idosos, mulheres e crianças como escudo humano em suas frentes de batalha.
Fascistas disfarçados em pessoas de bem mantêm essas criaturas de raciocínio reduzido alheias da realidade que se apresenta à sua volta, sem nenhuma piedade do que lhes possa acontecer. Até ajuda de extraterrestres está sendo pautada – e seguida à risca por tais criaturas – para mantê-las nessa realidade paralela.
Em nenhum momento da história, uma manifestação do MST ou do MTST chegou perto do que está acontecendo hoje, com bolsonaristas praticando queimas de caminhões e ambulâncias, explosões com coquetéis molotov em praças de pedágio e destruição das estradas com dinamite, tudo seguido de agressões físicas e violência extrema, sequestro de cidadãos e assassinato de padre.
A imprensa golpista sempre definiu os atos do MST e do MTST como os piores crimes possíveis ao Estado e a força policial sempre os reprimiu com violência, inclusive com a morte de alguns integrantes destes movimentos que requisitavam, o primeiro, uma terra para plantar e, o segundo, uma casa para morar.
Hoje, imprensa e forças de repressão pouco fazem para deter esses terroristas travestidos de patriotas que, inconformados com a derrota nas eleições, impedem o direito de ir e vir das pessoas – com idosos, crianças e enfermos parados em seus bloqueios sem acesso a água e alimentação, impossibilitam medicamentos de chegarem ao seu destino, mantimentos estão se degradando em caminhões bloqueados, patrimônios são destruídos pela fúria dos manifestantes, prejuízos incalculáveis à nação são causados pela irracionalidade e tudo está sendo patrocinado por empresários em prol de um golpe para impedir que um candidato eleito democraticamente pela maioria dos votos possa assumir seu cargo.
À ultradireita não interessa um chefe de executivo que possibilite ao povo ser instruído, mantenha boa saúde, tenha acesso à cultura e possua moradia decente. Quanto mais ignorantes, necessitados, fragilizados, desempregados e desabrigados houver, mais eles podem lucrar.
No meio do agro há quem defenda o feudalismo nos dias de hoje. Na classe média é um absurdo empregada doméstica querer direitos trabalhistas e andar de avião. Na classe alta é inadmissível o filho do empregado cursar faculdade junto com o filho do patrão. Ao pobre deve ser vetado o direito de ter educação, saúde, moradia e instrução – e informação, quanto menos, melhor. O critério parte da lógica de que filho de pobre tem que ser empregado de filho de rico.
Milton Pereira é jornalista, artista plástico e músico