Por Cláudio Viola
Fico me perguntando: em que momento este país perdeu a empatia e o respeito humano? Médicos receitando cloroquina. Empresários do setor de saúde tratando seus clientes/pacientes como se fossem prisioneiros sentenciados à morte em Auschwitz . Gente de todas as idades morrendo asfixiadas por falta de oxigênio. Hospitais superlotados por falta de leitos, por falta de recursos públicos, por falta de gestão de governo e por falta de respeito ao nosso bem maior, a vida. O presidente do país chamando a pandemia, que ceifou mais de 600 mil vidas, de “uma gripezinha”, se recusando a usar máscara, boicotando o programa de vacinação e promovendo a venda de remédios ineficientes para o tratamento de COVID.
Um país onde crianças ficaram órfãs, onde jovens herdaram um presente de trevas e pouco esperam do futuro. Uma país onde o negacionismo foi marcante e a ignorância ganhou voz nos cercadinhos de Brasília e nas avenidas das grandes cidades brasileiras. O país do verde-amarelo que nos orgulhava e hoje veste gente que nos causa ânsia de vômito. Em que momento este país perdeu a empatia e o respeito humano?
Foi preciso uma CPI gestada nos corredores do Poder Legislativo para expor os intestinos de uma nação que mostrou-se majoritariamente acéfala em 2018. Renegaram as conquistas sociais do passado, desprezaram os avanços econômicos e cuspiram no prato que em 500 anos foi servido vazio e por pouco mais de uma década ficou cheio para matar a fome de milhões de brasileiros.
O país tomado pela histeria burra construída por uma narrativa midiática que foi desmascarada em pouco tempo e cujo principal personagem é hoje colocado sob suspeição. Que venha 2022 para resgatar um pouco de empatia, de respeito humano e de dignidade para este país que hoje está de joelhos, agonizante e sendo palco para a trágica peça estrelada por uma família de milicianos.
Que péssimas escolhas! Os relatos dos órfãos na CPI da COVID, na última segunda feira (18), ratificam o filme de terror em que nosso Brasil foi transformado. De chorar!
Cláudio Violaé profissional de marketing, economista e cartunista.