Por Daniel Cara
Esse escândalo começa graças às denúncias da Advocacia-Geral da União (AGU), de advogados que eram consultores jurídicos do MEC que, em dezembro do ano passado começaram a fazer denúncias internas e algumas delas vazaram para a imprensa e a partir desse fio se constituiu toda uma investigação feita por diversos veículos que tornaram pública a corrupção e o tráfico de influência no Ministério da Educação.
O caso é tão grave que nem eles conseguem esconder -, mas a CGU atribui uma movimentação estranha no MEC e no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) na ordem de R$ 18,8 bilhões. Isso significa metade dos recursos anuais de todas as universidades públicas. Esses problemas começam na gestão de Ricardo Vélez Rodriguez (ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro). Esse governo é corrupto da cabeça aos pés.
Não só o Bolsonaro tem envolvimento no escândalo. É importante dizer que esses pastores são vinculados a primeira-dama. A Michelle assumiu uma postura passiva durante a campanha eleitoral (2022) e ela não fez isso porque está desgostosa de fazer campanha ou porque não quer permanecer como primeira-dama, pelo contrário, ela sabe que tem os pés de barro. Ela também tem vínculos com setores que não são, necessariamente, idôneos das igrejas neopentecostais.
É importante ressaltar que a gente está falando da atuação desses pastores. A fé das pessoas é uma coisa que deve ser respeitada e é uma questão privada. O problema é quando a fé invade o terreno público e foi o que aconteceu nesse caso. Podem ter certeza de que, se as investigações prosperarem não vai ser só o Bolsonaro que vai estar envolvido, todo o esquema de relacionamento com os setores evangélicos, com a parte corrupta dos evangélicos e isso vai chegar também em Michelle Bolsonaro.
Milton Ribeiro era uma figura muito próxima da Michelle Bolsonaro e também da Damares Alves. Em um determinado momento, Silas Malafaia e Damares rompem com Milton Ribeiro e não é porque eles discordavam da linha ideológica de Milton Ribeiro é, talvez, porque os interesses deles não estavam sendo atendidos.
Daniel Cara é professor e pesquisador da USP