Por Moisés Mendes
Michelle e Jair Bolsonaro no funeral da rainha Elizabeth II
As viagens de Bolsonaro a Londres e Nova York renderiam um belo documentário. Os últimos dias de um fascista desfrutando de um poder que se esvai, enquanto tenta mandar do estrangeiro mensagens que as motociatas já não passam mais.
Bolsonaro escanteado em Londres. Bolsonaro que nem carro tinha em Nova York para ir do hotel para a ONU, onde discursaria.
Bolsonaro andando a pé por Nova York tentando achar um carro, enquanto Michelle tentava arrumar o nó da gravata.
Bolsonaro cercado por Malafaia, pelo filho Dudu e pela mulher, todos citando a Bíblia, num mundo paralelo que vira fumaça.
Bolsonaro gritando para assessores, na porta do quarto do hotel em Nova York, que poderá acabar como Jeanine Añez, a golpista que está presa na Bolívia.
E Bolsonaro enfrentando a ressaca da viagem de volta, pensando no Datafolha de quinta-feira, sentado ao lado de Malafaia, que finge ler uma revista de bordo de 2015 da FAB.
Na cena final, olhando na janelinha do avião, um Bolsonaro que procura nas nuvens algo que possa salvá-lo, não da derrota para Lula, mas do horror que o espera logo adiante.
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre (RS). É autor do livro de crônicas Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim). Foi colunista e editor especial de Zero Hora