Já viajei pela Amazônia e inalei estranhos perfumes,
Suas noites, mesmo no plenilúnio, são nacos de breu,
Se há um alento, é o zanzar religioso dos vagalumes,
Que silentes reproduzem a chuva de ouro de Perseu.
O cajuaçu e a andiroba lançam suas copas frondosas,
De cujas folhas em pranto, o sereno sempre pinga,
Mesmo sob o Sol, há sombras firmes e teimosas,
E custa a se aquecer o papudo bebê da jacaretinga.
Nesse túnel resiste a remota alma da humanidade,
Os Marubo, Mayoruna, Kanamari, Korubo e Kulina,
São gente que fomos, de quem temos até saudade.
Bruno e Dom, desafiavam a boiada e a triste sina,
Porque deve haver alguém que enfrente a maldade,
É a lição que resta, o caminho que a dupla ilumina.