Por Moisés Mendes
A Folha começa amanhã uma série sobre o futuro do bolsonarismo.
Jornalistas da Folha, do Globo e do Estadão já decretaram o fim de Lula e do PT várias vezes.
O PT iria acabar depois da crise do chamado mensalão em 2005. Iria ser extinto depois do golpe contra Dilma, em 2016, e seria transformado em pó com o encarceramento de Lula em 2018.
A Folha é ruim de fazer previsões, ouvindo sempre os mesmos ‘especialistas’ e videntes.
O bolsonarismo é uma anomalia da política, criada pela democracia, e sua sobrevivência depende muito mais da população do que do próprio Bolsonaro.
Bolsonaro foi o hospedeiro das ideias, atitudes e ações de pelo menos um terço da população. O resto foi atrás e muitos não conseguem voltar.
Foi esse vasto contingente sem escrúpulos e disseminador de ódios e preconceitos que inventou Bolsonaro, e não o contrário.
O que a Folha precisa prever é se a população continua disposta a bancar Bolsonaro como seu guru acima de tudo e de todos.
O bolsonarismo é muito mais uma doença coletiva do que uma ideologia.
Está nas capas dos jornais:
44% dos brasileiros acreditam que o Brasil pode se tornar comunista, diz pesquisa do Ipec
E onde menos acreditam nessa bobagem? No Nordeste, é claro, Porque o nordestino pobre sabe que só tem um jegue e agora tem Lula de novo.
O morador do Sul teme perder o Corsa e a casa (que é alugada) para o comunismo.
Jornalismo picareta
Isso é o que se pode chamar de jornalismo picareta. A Forbes informa que, por votação, Michelle Bolsonaro foi eleita a segunda mulher mais admirada do Brasil.
A dona das joias das arábias só perde para Fernanda Montenegro.
Primeiro, alguém acredita mesmo que Fernanda Montenegro possa ser tão pop a ponto de aparecer como a mulher mais admirada, à frente de Ana Maria Braga, Ivete Sangalo, Anitta, Xuxa, Iza?
E Michelle em segundo lugar? Tá falando sério?
Que final patético esse da Forbes, que há muito tempo é só picaretagem.
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)
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Esse gaúcho é demais. Tem muito a ensinar a nossa imprensa pomposa.