Do Brasil de Fato
Países como França, Alemanha e Holanda registraram recordes de temperatura elevada ao longo desta semana
Os países do Hemisfério Norte registraram, nesta semana, uma onda de calor intenso. França, Alemanha e Holanda, por exemplo, marcaram temperaturas acima de 40º. Por causa disso, muita gente precisou ser socorrida com problemas cardíacos e algumas regiões da Grécia foram atingidas por incêndios florestais.
De acordo com os dados do Climate Reanalyzer, plataforma do Instituto de Mudanças Climáticas da Universidade do Maine (EUA), desde o dia 3 de julho todos os dias do mês bateram recorde de temperatura e ficaram entre os mais quentes da série histórica. A pergunta que fica é: o que está por trás desse fenômeno?
O Central do Brasil ouviu nesta sexta-feira (21) Cláudio Angelo, coordenador do Observatório do Clima. Ele explicou o que está por trás dessa onda de calor e o que pode ser feito para reduzir os danos colaterais desse processo climático.
“São duas coisas, que a gente já sabe há muito tempo que estão agindo: uma é o El Niño, que entrou com muita força a partir de junho, e a outra é o aquecimento global, que já tem muito tempo e está cada vez mais grave porque não estamos fazendo praticamente nada para conter essas emissões de gás de efeito estufa. Então, você tem uma tempestade perfeita agora nessa verão do Hemisfério Norte, que é um El Niño muito forte com um aquecimento global também muito intenso”, explicou.
Angelo também analisou que estas temperaturas registradas atualmente eram previstas pelos especialistas para 2050. A antecipação dela pode ser um indicativo negativo do que está acontecendo com o clima.
“É um péssimo indicativo, mas não é nenhuma surpresa. Os pesquisadores já sabem que o clima não se comporta exatamente do jeito como a gente espera. Ele não é linear. A gente pode ter períodos de aumento mais extremo de temperatura, a temperatura dos oceanos no mundo todo está muito mais quente do que era previsto, e isso tem a ver com a dinâmica interna da Terra e a maneira como a Terra responde a essa energia extra que os seres humanos colocaram na atmosfera”, apontou.
Para o pesquisador, a saída é investimento público e cumprimento das regras definidas no Acordo de Paris
“Os países precisam implementar as metas que já estão sobre a mesa e já estão colocadas desde 2015 e que não vêm sendo implementadas na maior parte do mundo. Precisam aumentar a ambição das suas metas muito imediatamente”, pontuou.