O pessoal do Trump quer se limpar

Por Roberto Garcia

Tem um esforço em andamento. É uma tarefa quase impossível. Todo mundo viu, tem filme, muita coisa escrita. Não vai ser fácil.
O problema é que, depois do novo governo se instalar o pessoal que ocupava cargos chaves, tem uma longa vida pra viver. Com a ficha montada que todos sabem, do que fizeram no poder, vão ter que levar pela vida inteira, a desonra e vergonha. Não vai ser fácil.
Estão no salão de beleza, prá aplicar umas tintas, prá não ficarem tão feios. Já faz algum tempo que as coisas lá se passaram. As caras que se via toda hora não aparecem mais na tv. Mas a equipe mais proeminente, sem muito esforço dá prá lembrar.
Tome por exemplo o vice-presidente Mike Pence. Era a figura sempre do lado ou atrás do presidente, pronto para assentir e aplaudir. Por quatro anos ele só fez isso. Do começo até o fim. Passada a eleição, contudo, quando se viu que que Biden ganhou, o chão faltou aos pés dele. Começou a pensar no futuro. Ia ter que descolar. Como ele tinha que presidir a sessão do Senado, que ia certificar os resultado s eleição, Trump começou a pressionar. Para ele não reconhecer o óbvio. Que o chefe dele tinha perdido. Pence assinou os papeis que consagravam a vitória do opositor. Trump começou a xingar e a chamá-lo de traidor.
A filha do Trump, a Ivanka, que também sempre esteve ao lado do pai, percebeu que não dava para fingir que o resultado era falso. Ela tentou convencer o pai a se conformar. Não conseguiu. Ele mandou que ela calasse. A filha fiel, obedeceu. E o secretário de estado, Mike Pompeu. Chegou a comentar com amigos, discretamente, que o Trump tinha ficado louco, ao tentar convencer governadores de estado republicanos a falsificar. Mas na frente do chefe, ficava quieto, dizia sim a tudo o que Trump afirmava. Esse também vai ficar mal. Mas está dizendo agora que advertiu.
Começaram agora a sair livros, prá contar os detalhes daquelas horas cruciais. E tem uma história fantástica, que saiu agora. Que mostra a que ponto as coisas chegaram. Trump queria dar um golpe. Arranjar desculpa prá continuar no poder. Começou a falar que tinha que começar uma guerra contra o Irã. Prá esquentar ainda mais o ambiente, dizer que a nação estava em perigo, que naquela hora não podia transferir o poder.
Os chefes militares perceberam o jogo. Acharam que era perigoso demais. Isso poderia comprometer o futuro do país. Não podiam deixar. Combinaram entre eles. Que, se fosse necessário, iam desobedecer ordens de ataque ao Irã. Era um contra-golpe armado, preventivo, para não deixar degringolar. Mostram juízo, resistiram.
Mesmo assim Trump convocou o pessoal mais fanático. Os de sempre, religiosos, evangélicos, a extrema direita da polícia, os que já tinham tomado o veneno do Trumpismo. Convocou uma manifestação para seis de janeiro. Na véspera do dia em que o senado ia confirmar os resultados do colégio eleitoral. Fez um discurso absurdo, mandou que eles mostrassem patriotismo, logo depois foi pra dentro da Casa Branca e ligou a televisão. Prá ver o que ia acontecer.
O pessoal de cabeça quente foi prá frente do Congresso e começou a quebrar janelas, invadiram o prédio, gritando, a ponto dos senadores e deputados que lá estavam ficarem apavorados, correram pra se enconder. Foi uma insurreição. Pra conter a turba, o pessoal da segurança teve que dar tiro, uma invasora enlouquecida morreu. E também um membro da polícia legislativa teve uma ziquizira, faleceu. Levou tempo prá restabelecer a ordem, o que acabou acontecendo.
Os americanos e o resto do mundo ficaram atônicos, não conseguiam entender o que Trump fazia. Os dias seguintes foram confusos. Mas as cabeças frias prevaleceram. O derrotado pegou uma avião, foi prá sua mansão na Flórida, recusou-se a transferir o poder. Quem fez as honras da posse foi o presidente da Suprema Corte, Biden afinal virou presidente. Para alívio geral.
Um filme igualzinho está sendo montado
Com roteiro bem detalhado. Só cego não percebe nem vê.
Jair Messias e o seu pessoal estão preparando o mesmo esquema. Vão até aproveitar a experiência do que aconteceu em Washington, em janeiro. Prá fazer ajustes, evitar erros, que possam levar à `
transferência do poder para quem for eleito. As pesquisas eleitorais já deixaram claro. Jair não ganha nem eleição prá síndico de edifício, ou pra fiscal de feira no Rio. A popularidade dele despencou. Em todos os setores da população já se nota, que as chances dele estão ficando perto de zero. O desespero baixou nas hostes de Jair.
O bicho anda destemperado. Usa palavrão para mostrar revolta. E motivar os radicais da direita que o acompanham, independentemente do que possa acontecer. O pior é que a tal da #CPIdaCovid mostrou, de forma cada vez mais clara. Que a picaretagem no governo dele imperou. Estavam tentando tirar propina — o nome novo disso agora é “comissão” — nas compras de vacinas. Não queriam comprar das empresas conhecidas. Foram atrás de firmas que já deram golpes anteriormente, venderam mas não entregaram. Ficaram com milhões.
Esse mesmo pessoal foi recrutado para fazer nova intermediação. Para comprar pelo triplo do preço o que vendia o #Butantan. O general que chefiava o ministério da saúde, andava com medo de ser preso. Mas Jair o nomeou para uma secretaria de assuntos estratégicos do Planalto. Onde não faz nada, nem mesmo fofoca, a única coisa que ele sabe fazer, alem de exibir uma bela pança. As fotos, filmes, documentos de todos os esquemas que arranjaram para corromper, já apareceram, estão em mãos da CPI.
O líder do governo no #Senado, o pernambucano Fernando Bezerra, chegou a confessar que está constrangido com as revelações. Ele está percebendo que depois de Jair sair do governo ainda tem vida. Pior ainda é que o filho quer se candidatar a governador do estado. Se continuar amarrado a Jair também não terá chance. Começou a dar sinais de que quer desembarcar.
Jair estava no hospital. O cocô que tinha subido à cabeça foi retirado, por uma mangueirinha, saiu pelo nariz. Apesar do filho ter dito que ele estava grave, ele está com Carluxo, o chefe do gabinete do ódio. Imagine você. A cada hora em que ficou acamado, soltou uma nota pelas redes sociais. Não pode estar tão ruim assim. Isso até leva gente a achar que essa crise de saúde era fajuta. Uma fajutice a mais.
Atrás de tudo ele não pára. De inventar dúvidas sobre o processo eleitoral. Já deixou claro que se não tiver voto impresso a urna eletrônica não vai bastar. Chegou a dizer que não iria haver eleição se o congresso não fizer o gosto dele. Parece achar que só ele manda.
Quem olha de longe vê o que aconteceu em Washington. Especialmente o comportamento da cúpula militar americana. E compara com os chefões militares daqui. Os mesmos que sabiam de toda a enganação com as vacinas. E que se aguentaram em copas, fecham o bico, chegaram a soltar nota nervosa, quando houve insinuação de que existe uma banda podre entre eles.
Tem um detalhe curioso. Outro dia apareceu em Brasília o chefe da #CIA. Ninguém sabia por que. Já se percebeu que o governo Biden tem suas preferencias prafrentex internamente. Mas baba de ódio em politica externa. Veio estimular tudo que seja de direita aqui.
Contra Cuba, Venezuela, Bolívia, Argentina, Peru. Pode se opor aos governos desses países. Vai ter benção de Washington. Mas Biden passou por um medo lá em Washington, na época da eleição. Deve ter, entre outras coisas, deixado um recado.
Ele gosta da direita aqui deste lado. Mas de golpe não.
Roberto Garcia é jornalista

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