O nada discreto charme da burguesia do Litoral Norte

Por Simão Zygband 

Este estúpido é um dos agressores dos jornalistas

Sou um frequentador antigo do litoral Norte de São Paulo. Desde jovem acampava na praia de Cambury na época em que a Rio-Santos era apenas uma estrada de terra.

Ali literalmente se comprava no final dos anos 70, terrenos por preço de banana. Em 1980, meus pais adquiriram de um caiçara, o Seu Osvaldo, uma casa na praia de Paúba, aconselhado por uma filha da terra, a Adalgisa, que trabalhava como doméstica na casa de uma vizinha de minha mãe no bairro do Bom Retiro, em São Paulo.

Todas aquelas praias maravilhosas do litoral Norte em poucos anos foram tomadas pela especulação. Os ricos paulistanos invadiram aqueles paraísos, comprando a preços módicos os terrenos das famílias caiçaras, praticamente os expulsando da região e passaram a construir luxuosos condomínios, sem pensar no impacto ecológico que estavam causando. Muitos deles despejavam dejetos diretamente nos rios e nas praias.

No entorno deste boom imobiliário cresceu paralelamente uma população marginalizada, prestadora de serviços para estes milionários (e muitos da classe média alta) paulistanos, mas que passaram a habitar os “sertões”. Bairros pobres brotaram como cogumelos nas encostas dos morros distantes das praias dos bacanas.

Juquey, onde ocorreu a maioria das 45 mortes ocorridas na tragédia de São Sebastião – junto com as praias vizinhas de Maresias, Boiçucanga, Barra do Sahy, Baleia – tiveram um crescimento populacional desordenado, principalmente de prestadores de serviços. É conhecida como a Costa Sul.

Milhares de pessoas passaram a morar nos morros, em condições precárias, sujeitas aos deslizamentos, em bairros periféricos e distantes dos luxuosos condomínios. Tudo isso sob o olhar complacente de diversas gestões da prefeitura de São Sebastião. Muito dinheiro e muita propina rolou para legalizar as mansões dos milionários, nem sempre de acordo com a legislação vigente.

A frequência passou a ser então dos bacanas, a maioria deles composta por famílias de direita, admiradoras do genocida Jair Bolsonaro. Os filhos do ex-presidente frequentavam as ricas mansões dos milionários de Maresias e eram amigos íntimos do campeão mundial de surfe, Gabriel Medina, outro bolsonarista.

Mas era uma gente tóxica, arrogante, escravocrata, que se utilizou da mão de obra caiçara (e também nordestina) para erguer pagando ninharia as suas ricas mansões. Este é o tipo de gente que pagou agora até 30 mil reais para sair do litoral Norte no helicóptero do Abilio Diniz para fugir da situação calamitosa.

Foi este tipo de gente que agrediu fisicamente e com palavrões a reportagem do Estadão que foi deslocada para cobrir a tragédia no litoral norte de São Paulo.

Eles são moradores do condomínio de luxo Vila de Anoman, em Maresias, que ficou debaixo d’água com o temporal e teve carros encobertos.

Quando o grupo viu a reportagem, no entanto, passou a xingar a equipe com palavrões e acusar o Estadão de ser “comunista e esquerdista”. Em seguida, passaram a empurrar o fotógrafo e a repórter.

Um deles obrigou o repórter fotográfico Tiago Queiroz a apagar fotos que tinha feito das ruas do condomínio alagado, com carros danificados. Queiroz, no entanto, salvou as imagens em outro cartão de memória.

Outro morador empurrou a repórter Renata Cafardo em um alagamento e tentou roubar seu celular. Ele só parou a agressão porque moradores que passavam na rua o seguraram.

Agressor é contido por populares

Este é o tipo de fascista que ocasionou o boom imobiliário nas praias do Litoral Norte, povoada por uma elite tosca e autoritária, que humilha os mais pobres, estes sim as principais vitimas fatais da tragédia.

Por sorte  a maioria dos brasileiros elegeu Lula como presidente, para tentar conter o Ímpeto fascista dos milionários. Os bolsonaristas do litoral Norte ainda realizam atos estúpidos como seu ex-líder, um exemplo de péssimo caráter tal qual seus seguidores.

Maresias debaixo d’água

A catástrofe atingiu os morros

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  1. Simão, belíssimo texto, retratando bem a imagem dessa (parafraseando o cantor cearense, Falcão: “gente que fede, embora tenha dinheiro pra comprar perfumes”

    Eu tenho uma casinha simples em Ubatuba, numa praia de pobres, chamada Perequê Mirim em Ubatuba. Esse fenômeno (arrogância), acontece por lá também. Na Praia da Domingas Dias, a gente vê no continente oposto, (lugar de dificílimo acesso), mansões encravada no meio da mata atlântica, em cima do morro, estimo de até 2.000m2 de área construída e sempre me pergunto: Como um cidadão, invade e desmata uma área de preservação ambiental, constrói de forma irregular um imóvel daquele tamanho, num lugar, que materiais para construção, só podem chegar de helicóptero, e absolutamente ninguém fala nada, ninguém fiscaliza, ninguém pude, e fica tudo certo?

    1. Bom, vamos lá então ,Até o final dos anos 80 possuímos conhecimento e aprendizado de primeira no país .A região sudeste e sul.era a mais privilegiada e isso estava se expandindo como um todo.Ai a entrada dos excluídos do país acabou .Eles voltaram e destruíram o ensino as escolas pregaram a libertinagem e etc,,acabaram com aquilo que se chamava moral ética estudo.E isso proporcionou oque ? Falta de cultura para os povos .No litoral norte a época que vc cita um.pobre vivia vida de rei .Quem aqui trabalhava ganhava muito dinheiro .já ia casos do cara trabalhar na tporada que a época era extensa ,e comprar carro moto após ela acabar.Mas essa parte vc esqueceu neh .A falta de cultura faz as pessoas não.pensarwm.no.futuro.Sim.venderam.terrenos sim e ré digo mais .Não foi pra ricos somente não .Foi pra.oessoas comuns também amigo .Que hoje tem belas casas aqui.E sim foram vendidas e não invadidas como alguns gostam de.fazer..Eu conheço quem vendeu a época e pra época era muita grana .Mas hoje o metro quadrado aumentou muito .O terreno da minha casa a 15 anos atrás custava 10 mil reais e hoje custa 150 mil.Quem trabalhava 3.mesws.na temporada em.ubaguba podia comprar ele E hoje vc nem chega perto disso .Agora com tanto tereno cheio de.cupim.e esquecido lá pra cima e perto de cidades grandes ,qual e a finalidade de se fazer condomínios populares enormes e cdhus aqui no litoral sem que aja estrutura e trabalho pra todas essas pessoas ? Aí aumenta a onde de crimes pessoas desempregadas aos montes e a cidade cada vez mais suja .Condomínios de ricos ? Sou contra também .Mas.xomo.eu disse falta de.conhecimento causa exatamente isso amigo.Em.1995 existiam apenas 40 mil habitantes em.caraguatatuba e hoje já são 120 mil .aumentou 3 vezes .Acha que isso e tudo ricos que vieram.pra cá ? E a divulgação em massa.oela internet dizendo que trariam mais turismo a região ? E trouxe oque ? A destruição de.muitos belos lugares .Antes de haver essa divulgação em massa as temporadas eram ótimas cidade cheia ambiente maravilhoso e ninguém.ligava pra infla estrutura que na minha opinião em área de.preservacao não deveria existir ? Pois assim se mantém.intacto.o.local.com.pouca gente .portanto as coisas não são exatamente como vc diz

    2. Realidade pura e dolorida esse seu texto, quando é que as pessoas vão cair em si e ver que somos todos iguais. Infelizmente o dinheiro e o fascismo tomou conta dessas pessoas pobres/podres de espírito de alma. Só Deus pra ter misericórdia. E o nosso Presidente é humilde é humano pensa e se preocupa com os pobres viva Lula.

  2. Comecei a frequentar Pauba no final dos anos 70. Acampava no terreno do Onofre e da Zita. Aquilo era um paraíso. O riozinho era de aguas limpidas e tinha ate agua que brotava da montanha. Colocávamos umas calhas e pegávamos água de la. Pra banho, íamos toda tarde na cachoeirinha do outro lado da estrada. Na praia só as casas de caiçaras. 10 anos depois, como irmã gostava de Maresias, comprou uma casa la. Eu continuava em Pauba. Ainda era um vilarejo de pescadores. Mas os frequentadores de Maresias já eram de uma arrogância nojenta. Eu ia ate la as vezes só pra passar o dia com minha irmã. Me incomodava aquela gente fútil e metida. Eu não tinha o que trocar com eles. Ficava um pouco e voltava correndo pro meu cantinho ao lado dos pescadores. Pauba, apesar de todo estrago que fizeram, ainda tem gente legal. Agora, Maresias, ja começou com gente tosca. E como os semelhantes se atraem…

  3. Boa tarde, Simão.
    Nao entendi muito bem o início do seu texto?
    Seu pai comprou um terreno a preço de banana de um caiçara na praia de Pauba?
    Hipocrisia pouca é bobagem.

  4. Isso tudo acontece também nas praias em torno de Paraty essa gente contamina tudo, envenena tudo, não somente ar terra e água, mas mentes e corações de muitas pessoas

  5. Kkkk, nada discreto também é a inveja!!! Educação vem do berço independente da condição sócial !! Engraçado o mano aí em cima se fazendo de pobre pra não ser esculachado.

  6. Belo texto
    Sou um Caiçara que acampei muito no Cambury tbm na época do bar do Silvio. Nasci e cresci em Caraguatatuba. E escrevi esse abaixo.

    Essa tragédia tem início na explosão imobiliária que afetou o litoral Norte de SP no período dos anos 70 .
    Construção em áreas de risco nasceram quase que ao mesmo tempo que as construções de prédios e casas de veraneio. Com um elemento em comum a mão de obra. Aí nasceram as sementes das vilas ao redor das cidades litorâneas. Quase sempre colocando as pessoas de baixa renda em situações de escolhas bem limitadas. Restando as beiradas de mangues, as margens de rios e lagoas e as encostas de morros. Aí nesse perigoso espaço constroem seus sonhos de vida. E rezam a cada temporada de chuvas para que possam passar sem grandes prejuizos materiais e nem humanos.
    Mas afinal..
    O que fazer?
    Um plano de redução de riscos envolvendo a Sociedade Civil, os Governos (município,estado e federação) e o terceiro setor.
    Se for apontar culpados a lista vai ser longa, mas não é essa a intenção. A ideia é pensar de fato em algo que diminua o risco de tragédias “repetitivas”. Levar a sério a vida humana.
    A defesa Civil alerta, a fiscalização atua, as ONGS protegem, a justiça determina, os homens teimam em ficar e construir cada vez mais. E as tragédias se repetem a cada temporada, então… tem alguma coisa que não está dando certo nas ações acima citadas.
    O que me preocupa é que a sede de crescimento imobiliário não para, nem a vontade de descer para a praia nesses mêses de festas diminuem. Áreas de erosão aumentam consideravelmente, desmatamentos crescendo a olho nu, lixos produzidoa mais e mais a cada ano.
    As tragédias tem elementos de sobra para voltarem a cada ano e cada vez mais fortes e destruidoras.
    E aí?
    Bora gente, discutir nas Escolas, faculdades nas Associações Comercias, Câmaras Municipais, Associações civis. Sei lá…
    Em Marte, júpiter, vênus e na casa do chapéu. Mas alguma coisa tem que ser feito. Pelo Amor à vida gente.
    Pelo amor à vida!

  7. Pra que tanto ódio no coração?
    Aqui não é questão de Bolsonaro ou Lula
    Boom imobiliário houve no Brasil em todas regiões guardadas suas proporções, desde a década de 70
    E os fatores climáticos vem se modificando mundialmente
    Por que seu pai adquiriu propriedade aí?
    Ele tinha mais direito que os outros?
    Outra coisa, você cita bolsonaristas, mas um lulista famoso devastou uma área de preservação em Angra dos Reis para construir a mega mansão dele: Luciano Huck
    Então seu texto é nada pra mim nesse momento de tragédia tem o mesmo valor
    Você mesmo deve ter sido um boyzinho da sua época e por algum motivo tornou se um rebelde sem causa
    Abra essa mente se é que dá tempo ainda

    1. Que pena….a reportagem começou útil…informativa e interessante.Logo depois debandou para um discurso de ódio! Todos temos nossa parcela de culpa…inclusive na hora de votar!

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