O ministro da vez

Por Adriana do Amaral

Mostre-me as suas fotos que eu direi quem és

O governo Jair Bolsonaro parece ruir tal castelo de cartas. Ele tem sofrido derrotas sucessivas que afastam os homens de sua confiança pessoal ou política. O nome da vez é aquele que pratica exatamente o contrário que deveria fazer: o Ministro do Meio Ambiente,  Ricardo Salles.

Conhecido por defender políticas e práticas que favorecem madeireiros, o ministro foi denunciado por prejudicar as ações policiais relacionadas à extração ilegal de madeira. Os prejuízos são estimados em R$130 milhões. Teria, ainda, deixado de cobrar multas no valor de R$ 8,3 milhões.

Ricardo Salles parece rezar na mesma cartilha de Jair Bolsonaro e não poupa polêmicas: ameaça os povos indígenas, organizações não governamentais, não esconde sua simpatia por madeireiros, grileiros, pecuaristas. Praticando o desmonte da política ambiental, esta semana ele postou em sua conta no Instagram a própria imagem num cenário de toras de madeira cortada.

O pedido de afastamento cautelar do ministro foi encaminhada na quarta-feira (14) ao Tribunal de Contas da União e direcionada à Casa Civil. A solicitação partiu do sub-procurador do Ministério Público, Lucas Rocha Furtado, após notícia-crime protocolada pelo ex-chefe da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva. no Supremo Tribunal Federal. Salles, segundo denúncia, teria favorecido os investigados da Operação Handroanthus GLO, acusados de extração ilegal de madeira.

Desde que Salles assumiu a pasta é visível o aumento do desmatamento no Brasil e a ação de grileiros nas regiões indígenas, inclusive com assassinatos. Além disso, a comunidade internacional reage às agressões verbais do ministro que defende o desmatamento no Brasil justificando que o mundo já o fez no passado, desconsiderando as práticas, acordos e diretrizes internacionais atuais.

Coincidência ou não, o episódio de Salles mereceu resposta do governo dos Estados Unidos e a tradicional resposta do governo federal, que após polêmicas costuma voltar atrás em decisões. O presidente se comprometeu a reduzir o desmatamento na Amazônia até o fim do seu mandato, em 2022.

Ricardo Salles declarou, nessa sexta (16), que o o combate ao desmatamento estaria condicionada à ajuda financeira internacional. Segundo ele, com um bilhão de dólares seria possível aumentar “a vigilância” e “se engajar em uma redução de 30% à 40% do desmatamento”.

Alguém acredita em conto da carochinha?

Cortem as árvores. Ou melhor, “cabeças”, diria a Rainha de Copas.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *