Por Adriana do Amaral
Centenário de Dom Paulo Evaristo Arns em tempos de perdas de direitos no Brasil
É comum ouvirmos a expressão: foi um homem à frente do seu tempo. Com o cardeal arcebispo de São Paulo foi exatamente o contrário. #DPauloEvaristoArns (1921-2016) foi um homem do seu tempo e viveu para aliviar as dores dos horrores de uma época. Religioso que não apenas pregava a palavra de Deus, mas fazia valer o valor divino da vida.
Promoveu a dignidade da pessoa humana durante a vida toda. Foi ativista dos #Direitos Humanos durante a #ditadura militar.
Intercedeu pelos religiosos dominicanos (1969), preservou a memória das vítimas da #ditaduramilitar como estudante Alexandre Vannucchi Leme (1973) e o sindicalista Santos Dias (1979), negociou com generais ao lado dos familiares dos presos políticos. Foi militante ativo nas #ComissãoJustiçaePaz de São Paulo, nas Pastorais da Moradia, Operária e Infância; coordenou o projeto #BrasilNuncaMais; articulador do movimento #DiretasJá! dentre tantas ações inclusivas sociais.
Talvez o episódio mais marcante envolvendo D. Paulo tenha sido o assassinato do jornalista #SamuelHerzog, no cárcere. Preso, ele sucumbiu à tortura no #DOI-CODI (II Exército em São Paulo), mas a morte foi anunciada como suicídio. Judeu que era, seria negado a ele o direito do enterro digno.
D. Paulo não apenas denunciou a tortura e o crime de morte, pelo Estado, como conclamou o rabino #HenrySobel e o reverendo evangélico #JaymeWright para, juntos, celebrarem um culto ecumênico em memória de Vlado. Isso, em plena #CatedraldaSé, no marco zero da capital paulista no ano de 1975, num ato de resistência.
Catarinense de Forquilhinha, tornou sacerdote em 1965. À vocação franciscana somou à erudição, com formação na #UniversidadedeSorbonne, em Paris. Religioso cidadão que pregava a consciência social e política pela #TeologiadaLibertação e #ComunidadesEclesiaisdeBase. Sua nomeação a Cardeal Arcebispo de São Paulo aconteceu no auge da repressão política no Brasil, em 1073.
D.Paulo foi um dos 41 bispos que firmaram o #PactodasCatacumbas, em 1959, durante o Concílio Vaticano II, convocado pelo papa João XXIII. Ele cumpriu o prometido de “viver como pessoas comuns” até os 95 anos.
Impossível não remeter à médica sanitarista #ZildaArns, irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, que trabalhou no combate à desnutrição infantil, simplificando uma solução acessível para as camadas da base da pirâmide social em todas as nações: o soro caseiro, que salvou uma geração. Homem e mulher que fizeram toda a diferença no tempo em que viveram. Basta a nós bebermos nessa fonte.
Eu gostaria de ser lembrando como amigo do povo e ser padre ser padre na vida eterna”, dizia o homem santo para quem “o Deus da Justiça é o mesmo Deus do amor
Dom Paulo Evaristo Arns
Fotos: reprodução
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Não vi nenhum religioso trabalhar tanto pelos direitos humanos e contra a ditadura. Seu herdeiro, embora “silencioso” seria o Padre Júlio Lancellotte. Você fez nem em relembrar um pouco o trabalho e a importância de Dom Evaristo na história recente . Casei no ano 200O na Igreja da Consolação com o Padre Romano, que trabalhou com Dom Evaristo eo sermão não foi aos peixes, mas aos jornalistas presentes.
A Teologia da Libertação vive. Essa é a fé que eu comungo: justiça com inclusão e ascensão social. Pra toda a gente!