O fim melancólico do Faustão na Band

Por Altamiro Borges

Terminou na última terça-feira (23) a curta passagem de Fausto Silva pela Rede Bandeirantes. O programa “Faustão na Band” foi lançado em 17 de janeiro de 2022 e gerou grande expectativa após a saída do apresentador da TV Globo, onde reinou no “Domingão” por 32 anos. Os analistas de mídia avaliam que vários fatores levaram ao fiasco da iniciativa, mas o principal foi o erro de cálculo sobre o formato dos programas de auditório em uma televisão aberta que enfrenta grave crise do seu modelo de negócios, com perda de audiência e publicidade.

Para Ricardo Feltrin, do site Ooops, “o maior investimento da história” da emissora teve um “provável erro de cálculo: a Band não tinha condições de fazer um programa diário de tal porte sem afetar seu cofre. Justiça seja feita, Faustão aumentou e muito o faturamento da Band. Mas não foi o suficiente para bancar o investimento. O ibope do programa nunca decolou de fato. Embora tenha tido um começo auspicioso, nunca passou da casa dos dois pontos de média, o que era muito pouco para afetar a audiência da Band como um todo”.

Prejuízo estimado em 50 milhões de reais

No mesmo rumo, a jornalista Kelly Miyashiro, da coluna Tela Plana da revista Veja, avalia que Fausto Silva e a Band superestimaram o potencial do programa. “Desde a noite do seu lançamento, a atração de auditório não conseguiu repetir os incríveis 8 pontos da estreia pomposa. De lá para cá, os problemas foram se empilhando. Apesar de ser de início um sucesso comercial, com filas de anunciantes e cotas de patrocínio ofertadas a 20 milhões de reais, os resultados não se converteram em ibope e lucros – pelo contrário, provocaram demissões, reformulações e perda de merchandisings. Sem querer negociar seus ganhos – estimados em 3 milhões de reais, entre salário e publicidade –, Faustão tomou, então, a decisão de abandonar o posto”.

Como lembra a especialista, “Faustão abraçou a ideia megalomaníaca de ter um programa diário aos moldes do que tinha nos domingos, prometendo audiências de dois dígitos de ibope para esquentar o horário nobre da Band. De fato, seu nome atraiu marcas como Bradesco e Magazine Luiza. Mas o programa não se pagou no primeiro ano e gerou um prejuízo estimado em 50 milhões de reais… A passagem melancólica pela Band ilumina um dado que transcende sua figura: na atual realidade dos programas de auditório, está em baixa o apresentador-estrela capaz de segurar as pontas no ar com base unicamente em seu carisma individual”.

Os programas de auditório estão morrendo?

Por último, vale registrar a avaliação do colunista Renan Martins Frade, do site de entretenimento NaTelinha. Para ele, o término melancólico do “Faustão na Band” revela o fim de um dos mais prestigiosos formatos da TV brasileira. “Por décadas, os programas de auditório marcaram a nossa vida. Na Globo, Faustão aperfeiçoou a fórmula com seu estilo característico. Contudo, o apresentador nunca se encontrou na nova casa. A audiência sempre foi na casa dos 2 ou 3 pontos, bem longe dos almejados. Só que não é só o Faustão na Band que está sofrendo”.

 

O jornalista lembra que a época de grandes públicos na televisão aberta acabou. “Todos os canais sofrem com essa sangria. Os motivos são diversos: vão desde a ascensão das plataformas de streaming à concorrência de outros tipos de entretenimento, como os games. O que acontece, mesmo, é que o televisor não ocupa mais o centro de nossas vidas, por mais que esteja ainda em posição de destaque em nossas salas. Há diversas outras telas disputando a nossa atenção, incluindo formatos de vídeos curtos como o TikTok”

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