O Brasil criminal que floresce com Bolsonaro

Por Simão Zygband

Um país violento, criminal, que cresce a cada dia no terreno fértil que é o bolsonarismo. Justamente este grupo de poder composto por pessoas ligadas ao Exército e ao setor de Segurança, que se elegeu com o discurso de combater a criminalidade e os “bandidos” mas que na prática serve de pano de fundo para camuflar uma realidade:  o Brasil é dominado pelas máfias, que vêm no (mau) exemplo governamental a possibilidade de prosperar e amedrontar a sociedade.

Não é segredo para ninguém o envolvimento da família presidencial com as milícias. Muitos líderes destes grupos criminosos já foram homenageados pelos Bolsonaros. Alguns deles, inclusive, eram vizinhos do presidente e desfrutavam do convívio dele, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, onde morou durante mais de dez anos.

Um deles, o policial reformado Ronnie Lessa, em cuja casa foram apreendidos 117 fuzis, chefiava o chamado Escritório do Crime. Ele é suspeito de assassinar a então vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes e tinha ligações como ex-capitão da PM, Adriano da Nóbrega, morto em uma emboscada na Bahia com características de “queima de arquivo”.

Também fazia parte do esquema o ex-policial militar Élcio Queiroz, o motorista dos Bolsonaros, acusado de ser o operador da “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente, eleito senador pelo Rio de Janeiro. Nas contas de Queiroz foi encontrado R$ 1,2 milhão, provenientes de recursos não declarados. Ele também é suspeito de depositar em cheques R$ 89 mil nas contas da primeira dama, Michelle Bolsonaro, que ficou conhecida popularmente, por este motivo, como “Micheque”.

Evidente que a criminalidade brasileira se sentiu muito à vontade com a presença da família Bolsonaro no poder, todos eles muito familiarizados com o mundo do crime. Há muito mais homicídios, latrocínios, extorsões, cuja sensação é de total impunidade. Há um esvaziamento da área da segurança, com policiais mal remunerados, portando armamentos obsoletos, ineficazes e em número muito reduzido para conter a agigantamento do crime organizado, muito mais equipado e atraindo cada vez mais jovens sem esperança de ter um futuro melhor no seu pais.

O bolsonarismo se tornou assim em um terreno fértil para o crescimento do crime organizado. Já não bastasse uma briga tradicional entre grupos criminosos do Comando Vermelho (cariosa) e do PCC (paulista), que disputam espaço no mundo do crime em todo território nacional e nos presídios. Não há contra eles nenhuma ação governamental que impeça seu florescimento, mas pelo contrário. Não é realizada nada em termos de logística e inteligência para coibir as gravíssimas operações criminosas.

Novo cangaço

A mais nova modalidade de crime organizado é conhecida como “novo cangaço”. Apesar do nome pejorativo, nenhuma ação foi realizada em cidades nordestinas. Ao contrário dos cangaceiros originais, cujo maior expoente foi Lampião e que muitas vezes roubavam para comer, estas quadrilhas são  especializadas em roubo milionário a bancos, em ações violentas, realizadas com armamento pesado, levando pânico a populações de cidades médias e grandes brasileiras.

A mais recente ação contra este grupo, realizada pela Polícia Civil e Rodoviária na cidade de Varginha, no sul de Minas Gerais, resultou em 26 mortos, todos suspeitos de integrar uma quadrilha do “novo cangaço”. Curiosamente, não houve nenhum policial morto ou ferido na operação. A Polícia chegou neles através de uma denúncia anônima. Só assim foram então localizados.

Pela quantidade de armamento apreendido, segundo a versão policial,  há suspeita de que seja a mesma quadrilha que cometeu crimes violentos nas cidades de Criciúma (Santa Catarina), Araçatuba (São Paulo) e Uberaba (Triângulo Mineiro), este em 2017. Estes assaltos teriam rendido ao bando cerca de R$ 200 milhões.

Este é o Brasil de Bolsonaro, um presidente que aposta na violência em todos os níveis. Estes são os resultados……