Por Simão Zygband
Ainda tenho visto por aí muita gente que vai votar no genocida Bolsonaro. Só que pela fala delas, a gente tem que deduzir que irá cometer novamente este crime contra o povo brasileiro, permitindo que se mantenha o autoritarismo e o fascismo governando o país. Eles tentando de todo jeito esconder isso.
Ontem mesmo, durante o almoço em um quilo na cidade de Passa Quatro, na divisa de Minas Gerais com São Paulo, a proprietária, com uma aparência bem despojada, com ares de gente bacana e esclarecida, veio me abordar para saber em quem eu iria votar, só por que concordei com ela sobre o uso de máscara quando as pessoas se servem no buffet, uma prerrogativa que ela implantou como uma exigência no seu restaurante.
“O senhor deve ser um dos únicos no Brasil”, me disse ela, surpresa pelo meu apoio à sua exigência.
“Mas não é por causa da Covid, não. É apenas por uma questão de higiene”, quis ela tentando me esclarecer pela sua decisão. “Eu nem posso obrigar as pessoas a utilizarem máscara no meu estabelecimento e quando eu peço, elas sempre brigam comigo”, disse.
Argumentei que as pessoa no Brasil tinham um conceito de liberdade peculiar: achavam que fazer confinamento, utilizar máscaras, passar álcool gel nas mãos e até tomar vacina deveria ser optativo, ainda mais em plena pandemia, e não uma obrigação coletiva. pois se não fosse assim, seria uma interferência do Estado nos seus Direitos. Mas que este tipo de pensamento estava para mudar com as eleições de outubro, quando o coletivo deverá se sobrepor às questões individuais.
“Mas, então, em quem você vai votar?”, me perguntou ela, curiosa do meu voto.
Fiz então o sinal da “arminha” e a ergui para transformá-la no L do Lula. Ela obviamente não querendo desagradar o freguês, disse que não havia outra escolha, pois o “sistema” tinha encaminhado o processo de um jeito que deixou o eleitorado sem nenhuma escolha entre escolher o Lula e o Capitão. Ela também deu a entender que votaria no Lula.
“Mas, se dependesse de mim, votaria no Ciro Gomes ou ainda na Tebet”, disse ela visivelmente desacorçoada.
Disse a ela que se as pesquisas estiverem corretas, dificilmente Lula perde as eleições. Não havia maneira de Bolsonaro reverter em tão pouco espaço de tempo uma diferença tão grande de votos.
“Mas estas pesquisas não refletem a realidade”, quis me convencer ela. Não pega a intenção de votos em cidades pequenas como a nossa e que ali a grande maioria era Bolsonaro.
Senti que ela não gostou muito quando eu disse que o quadro parecia irreversível e que Lula já poderia encomendar a faixa presidencial (lógico que isto não é verdade, pois eleição não se ganha de véspera).
Mas disse a ela que a sensação que ela tinha em Passa Quatro, em uma cidade do interior, não era a mesma que a gente sente em São Paulo, por exemplo, onde a miserabilidade é rapidamente notada pela quantidade de famílias que passaram a morar nas ruas, ou pedindo ajuda nos semáforos. O eleitorado que efetivamente sofre com o a política econômica do desgoverno Bolsonaro, sobretudo as mulheres, era quem estava dando esta ampla vantagem para o Lula na pesquisa.
Vi como era difícil a política e como muita gente fala uma coisa, mas faz outra, ainda mais na individualidade das urnas. Mas agora já tenho uma nova estratégia de tentar conquistar voto deste eleitorado que finge que vai votar no Lula, mas na verdade irá de Bolsonaro. Também contarei uma mentirinha: direi que votei no capitão reformado ( uma grande mentira, pois jamais votaria em um verme como ele) mas que estava arrependido e agora decidi votar no Lula.
Decidi passar por um bolsominion arrependido.