No alto dos mastros…

Por Luis Otavio Barreto

Só agora liguei o computador. Mataram o Lázaro. Há tantas teorias a respeito deste homem. A despeito delas, uma coisa me chamou atenção; troféus! Neste momento milhares de pessoas estão recebendo as fotografias e vídeos. Eu, infelizmente, fui alvo deste horror. Vi o corpo daquele homem estendido sobre a cama. Não reparei nas outras. Apenas duas; uma em que o sujeito estava recebendo auxílio e a outra, já morto. Um horror. Estragou meu dia.

Penso que essas fotos podem estar servindo como uma espécie de troféu. Prêmio para o esforço de odiar o assassino, para o instinto de vingança – que se confunde com justiça, num pensamento mais rudimentar. Me lembrei de casos em que os despojos do morto serviram de consolo e conforto para a opinião pública.

A mim não me importa julgar o que cada um está sentindo. Cada um com o seu. Mas me assusta, muito, esse expediente mórbido, esse prazer em divulgar esse tipo de conteúdo. É um desejo de tomar para si, certas responsabilidades. Neste caso, foi a de exterminar a existência do homem. Em outros, o ‘abutrismo’, a pena de si mesmo, o maior sofrimento da praça ou quem vai chorar mais alto, na hora de taparem o caixão. Há também os de julgamentos… enfim, há pessoas que encontram um prazer nisso.

Se fosse há uns 200 ou 250 anos atrás, Lázaro seria divido em partes, que seriam penduradas em mastros espalhados pelas ruas da cidade. Mas, como evoluímos (?!), hoje ele foi divido em fotos e vídeos e espalhado por aí, para quem quiser, ou não, vê-lo. Desgraçado destino.

Luis Otavio Barreto é músico pianista e professor de língua portuguesa.

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