Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista

Por Adriana do Amaral

133 anos após a Abolição da Escravatura, não temos muito a celebrar.

A sociedade brasileira conserva fortes indícios de racismo. Herança cultural que se mantém pelo caráter exploratório da nossa economia, perpetuando a relação de poder -e ódio- contra a raça negra, os afrodescentes e o povo pobre. Uma comportamento que não combina com a visão deturpada e estereotipada do povo brasileiro, que seria alegre, receptivo e aberto.

O racismo estrutural, que exclui, fere e mata, deixa marcas no corpo e na alma. Infelizmente, uma prática de parte dos brasileiros país afora, onde “a carne negra é a mais barata do mercado”.

E como não se pode mais negar o racismo, podemos lutar contra o preconceito e a discriminação. Alertar, identificar, punir as atitudes racistas e praticar o antirracismo.

Por isso, recebi com alegria a campanha da #Uber, que instalou painéis nos pontos de ônibus e locais estratégicos das cidades, com os dizeres:

Se você é racista, a Uber não é para você. Comece a mudança.

A campanha contra o racismo também foi divulgada aos usuários cadastrados na plataforma, por email. Na mensagem, a Uber pergunta:

Você sabia que “Como combater o racismo?” foi uma das perguntas mais buscadas no Google em 2020? Nós nos perguntamos a mesma coisa. Já deixamos claro: Se você é racista, a Uber não é para você. Mas gostaríamos de ir além. Mais do que remover ofensores da plataforma, queremos ajudar a prevenir que esses comportamentos aconteçam. Por isso, nos unimos a um time de especialistas para desenvolver conteúdos com informações importantes que ajudarão nossos parceiros e usuários a entender mais sobre o assunto, refletir sobre suas próprias atitudes e fazer parte da mudança com a gente. Em breve, eles serão disponibilizados no seu aplicativo da Uber. Veja tudo o que estamos fazendo para construir uma comunidade mais respeitosa e inclusiva. 

É claro que não é uma campanha que irá mudar a atitude dos usuários, mas a informação é o ponto de partida para a conscientização e consequente mudança. Somado à punição, inclusive com a exclusão dos serviços dos passageiros e motoristas racistas.

Racismo é crime

O crime de racismo e injúria racial está tipificado pela Lei 7716/89, mas os números de denúncias não refletem a realidade, subnotificados que são. De acordo com o Dossiê de Crimes Raciais, apenas no Estado do Rio de Janeiro são registrados, em média, dois casos de racismo por dia. Em São Paulo, os registros também são crescentes e, segundo o Tribunal de Justiça, aumentaram 76% em 2020.

Neste dia 13 de maio, #DiaNacionaldeLutaContraoRacismo, a #CoalizãoNegraporDireitos organizou dezenas de atos pelo Brasil, com o tema: Nem bala, nem fome, nem Covid. O povo negro quer viver!

De acordo com o Instituto Pólis, no decorrer do ano 2000, 250 homens pretos morreram em consequência da #pandemia da #Covid-19 a cada 100 mil habitantes. Mas a violência social e policial mata ainda mais. Diariamente, pela cor da pele.

Se um dia o Brasil foi celebrado pela diversidade de seu povo, está mais do que na hora de transformarmos essa realidade cruel onde ser preto, pobre, idoso, mulher, pessoa com deficiência ou LGBTQIA+ multiplica as diferentes formas de violência contra a pessoa humana. Afinal, #todasasvidasimportam e #blackisbeautiful.

 

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