UFRJ pode paralisar atividades por falta de recursos
Por Sonia Castro Lopes
Trevas. Ignorância. Obscurantismo. É como se define o conjunto de medidas do governo federal em relação à educação no país. Todos ficamos perplexos, especialmente alunos e professores com a notícia de que a maior universidade federal do país – a UFRJ – antiga Universidade do Brasil, poderá interromper suas atividades até o mês de julho por falta de recursos. A mais antiga das universidades federais traz como símbolo a figura de Minerva, deusa romana da sabedoria, da ciência e das artes. Tempos difíceis estes em que a educação, a ciência e, sobretudo, as universidades sofrem com tamanho descaso.
É fato que as universidades de todo o país enfrentam severo contingenciamento orçamentário, já que as verbas disponibilizadas para o ano letivo de 2004 se mantêm ainda hoje, com a ‘sutil’ diferença que atualmente temos quase o triplo do número de alunos que havia há dezessete anos. E não apenas a UFRJ está fadada a fechar as portas em julho, mas também é dramática a situação da Federal de São Paulo (UNIFESP), a de Goiás (UFG), a da Bahia (UFBA) e a de Brasília (UnB).
Anunciou-se ano passado um corte no orçamento das federais para 2021 que traduzido em cifras alcançou R$ 1 bilhão, quantia destinada ao pagamento de gastos discricionários, ou seja, referente às despesas de limpeza, água, luz, segurança, alimentação e alojamento de alunos, bolsas auxílio para que os estudantes mais pobres possam se manter, obras e manutenção das unidades. Essas verbas discricionárias ou não obrigatórias são as suscetíveis de sofrer cortes governamentais.
Para se ter uma idéia da defasagem dos recursos, o orçamento discricionário da UFRJ aprovado para 2021 gira em torno de 38% daquele empenhado há nove anos, em 2012. Segundo o apurado pela assessoria da UFRJ, a instituição perdeu R$340 milhões de seu orçamento nos últimos dez anos. E a interrupção das atividades não implica apenas a perda de aulas para os alunos, mas significa o fechamento do Hospital Universitário, bibliotecas, museus e laboratórios. Sim, as pesquisas de vacinas nacionais para a #Covid-19 serão interrompidas, com consequências desastrosas para toda a população.
De acordo com a assessoria da UFRJ, dos R$ 299 milhões reservados para 2021, R$ 152,2 milhões ainda dependem de suplementação no Congresso Nacional. E, desse valor, R$ 41,1 milhões foram bloqueados pelo governo federal. O total de investimentos da universidade para 2021, portanto, seria de R$ 258 milhões, valor equivalente ao orçamento de 2008. Porém, naquela altura a UFRJ tinha 34 mil alunos de graduação e atualmente conta com mais de 57 mil. Segundo informações do vice-reitor Carlos Frederico Rocha o gasto mensal da UFRJ é de cerca de R$ 31 milhões.
Sabemos que com a eleição de Jair Bolsonaro, a educação superior foi alvo preferencial de contingenciamentos. Todos os ministros que estiveram à frente da pasta (Ricardo Vélez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli, que teve a nomeação cancelada, e o atual Milton Ribeiro) são alinhados ao pensamento bolsonarista e aos cortes promovidos pelo governo federal. Em 2019, no primeiro ano do governo, várias universidades federais tiveram suas verbas congeladas, sem aviso, sob alegação de que promoviam ‘balbúrdias.’
Nesta quarta feira (12), ao participar da inauguração de obras na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no Rio Grande do Sul, o ministro da educação, ouviu cobranças por parte da reitoria e de alunos a respeito dos cortes de verbas em instituições de ensino superior no país. Em seu discurso afirmou que a determinação de cortes partiu do presidente da República sob alegação de que a prioridade é o auxílio emergencial.
Vejam o que ele disse: “Neste tempo em que o governo federal é obrigado a selecionar se constrói um prédio a mais na educação ou se coloca um pouco mais de comida no prato de brasileiros que estão morrendo de fome, é muito difícil. E foi isso que o presidente Bolsonaro me disse: ‘Milton, vou ter que cortar, porque eu faço isso ou não coloco comida no prato de um brasileiro que está faminto.’ ”
Ao sair do recinto, policiais tiveram que fazer um cordão de isolamento para que o ministro não apanhasse dos estudantes. Seria uma surra providencial nesse ministro de araque, cenográfico, que envergonha um país que já teve à frente de postos-chave da educação nomes como Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro, personalidades para quem a educação era realmente prioridade.
Atenção Congresso Nacional! A UFRJ como outras universidades federais está em vias de fechar suas portas por perder recursos e investimentos. Não deixem que isso aconteça, pois está provado que, ao contrário do que afirmam os ignorantes que ora governam este país, balbúrdia gera conhecimento.
*********************************************************************************************
Diante do mais recente golpe do governo Bolsonaro à maior Universidade do Brasil e à educação como um todo, manifestamos nosso absoluto repúdio à mais uma tentativa de liquidar a Universidade pública em todo o seu potencial de produção de conhecimento e de pesquisa.
Nós nos posicionamos contra o desmonte da educação, da democracia e da liberdade de ensino, pautas concretas que vêm sido colocadas em prática e ameaçam cada vez mais a construção de uma sociedade crítica, justa e igualitária no país.
https://www.change.org/p/minist%C3%A9rio-da-educa%C3%A7%C3%A3o-em-defesa-do-or%C3%A7amento-da-ufrj
Resposta de 0
Quero que tudo passe . Que 2022 chegue e que o bom senso se espalhe pelo país e tudo volte a normalidade
Vai passar. As pesquisas mostram que Lula está à frente desse excremento…