Por Virgílio Almansur
Sonia,
Eu moro aqui no Morumbi.
Ontem, em função do meu Davizinho, que está com uma lesão no joelho, tive que levá-lo a Higienópolis. Levei mais de uma hora no trânsito.
Tinha um tempinho… Parei em três lugares: dois postos de gasolina e numa padaria.
No 1.º posto, perguntei ao frentista: “… E aí, vai votar em quem?” Resp.: “… Ihhh… Não sei! No Lula não dá mais…”. Completei: “… Você não o conheceu. Você é muito novinho…”. Arrematou: “… Mas em casa ninguém gosta dele…”
Me dirigi ao cafezinho. O sr. que me atendeu, muito simpático. À mesma pergunta respondeu: “… Já vi de tudo, dr., mas nada igual ao Lula-ladrão não tem igual! Meu voto eu ainda não sei…”
(Nós sabemos, não é?)
No outro Posto, já em Higienópolis, conheço bastante os frentistas. São de mais idade e sei de suas opções. Há um apenas que chega a ser “mal visto” porque vota em Lula. Tem uns 60 e poucos anos. O sobrinho tira-lhe sarro e diz que o tio gosta de “larápio”.
Comemos pão de queijo num pacotinho. R$12,00, numa padoka bobinha. A menina se surpreendeu quando eu disse que estava caro… Logo acrescentou: “… É a guerra, moço…” Gostei do “moço” e perguntei “e em quem você dará seu voto?” De imediato: “— No Lula eu sei que não. Se eu tirar meu título votarei em branco…”
Entrei no carro e Davizinho: “… Como as pessoas rejeitam o Lula, papai! Mas também nem falam o nome de Bolsonaro…”.
Estava perto do pediatra e fiquei pensando com meus botões: “… Propaganda eficiente e extrema rejeição…”
Cheguei na garagem do colega. Ela é terceirizada. Quatro funcionários. Resumo: um vota Ciro, porque ele é do Nordeste. Os outros três em Jair…
Deixei o Davizinho sozinho com o pediatra. A secretária, bolsonarista, chegou com a secretária vizinha. Esta, muito em dúvida, teve certo prurido pra falar em Lula. Dúvidas…
Enfim…
Não é só na nossa zona sul, Sonia!
Agora… Imagine o interior daqui, sempre reacionário!
Bjaum!
Virgílio Almansur é médico, advogado e escritor.