Construir Resistência
Mariupol

Mariupol

Por Virgilio Almansur

O dia todo deste último domingo (17), em Londres, a tensão foi enorme. Não só lá! No Canadá, Polônia, EEUU, França — e em todos aqueles que têm os seus tentando encobrir laboratórios ou “despistá-los” na vasta Ucrânia.

Para que não sejam evidenciadas suas criações, quando o rescaldo da invasão trouxer a lume todos os subterrâneos desse conflito, com toda certeza 50% do que a Rússia vem observando e/ou denunciando, deverá aparecer…

Alguém vem “denunciando” um certo globalismo neoliberal. É possível que sua criação já esteja ressignificada, até porque, a própria Ucrânia vem se revelando nesses últimos 25 anos como detentora de uma construção liberal nacional.

Trata-se de uma construção que suporta algo como uma neoideologia — qualificada em cada terreno singular como liberalismo nacional. Quê liberalismo foi proposto nessas “revoluções” primaveris, muito mais iliberais?

Líderes mundiais, como essa excrescência em nosso território, apontam para uma destruição das instituições, sempre com características nacionalistas, exercício ameaçador sobre costumes, cultura e sufocamento de qualquer manifestação desafiadora.

Vende-se, pois, algo falsamente liberal em nome de um nacionalismo injetado com interesses econômicos escusos. Haverá nesses ambientes uma retroalimentação nacional-iliberal para gáudio de um financismo acumulador sempre para poucos.

Um tiro no pé que a “central liberal” — e o conceito ínsito no próprio liberalismo — veio dando pelo seu modelo que mais concentra e não distribui. É da lógica dessa política econômica que passou a determinar apêndices para sua sobrevivência, ao contrário de China, por exemplo, seguida por Rússia…

Um desses apêndices é a própria Ucrânia. Liberalismo sozinho não promove ordem política e todas as conjecturas golpistas — ou guerras impostas — denotam o declínio do modelo daquela central liberal…

Trata-se de um retorno ao mundo medievalesco. Quando somos envolvidos com questões religiosas e étnicas, não há como não haver conflito. E há quem saiba manipular tais conflitos, mesmo à distância…

A inquietude só desserve ao modelo tradicional de uma central econômico-liberal. Seu antídoto terá que ser a repressão… Mas mesmo esta haverá de ressurgir — pelo reprimido — violentamente.

Nacionalismo vago não combina com a idéia de nação, no mais das vezes surrupiada por castas cujos cabrestos requerem uma hierarquia muito além de uma formação, como nossas forças armadas medíocres.

Quê exemplo nos dá essa vagabundagem revelada — quase que diariamente desde 2019 — pelas “representantes” da pátria amada? Ao se apropiarem dos símbolos nacionais, essas ffaa fazem do signo algo inconfiável, tornando-nos ressabiados e incrédulos quanto a nossa identidade nacional.

O Donbass é exemplo claro! Sua distância não nos impede de considerações acerca da inquietude que falei acima, nem tampouco de ser um emaranhado de etnias e berço de uma ortodoxia religiosa em bases cristãs.

A Ucrânia moderna — construída primordialmente pelos Estados Unidos —, integrou-se com os corpos nazistas (nazismo integrado às instituições estatais) sob tutela ocidental (marcadamente EEUU/OTAN). Imagine: ela é citada como exemplo do “sucesso do liberalismo nacional”.

Ontem mesmo, Willy Wimmer, ex-vice-ministro da Defesa da Alemanha, escreveu sobre a situação em Mariupol.

Deixo-lhes:

“Esta é a notícia da Páscoa de Mariupol que você não quer ouvir na Páscoa ou em qualquer outro dia. A BBC está relatando no domingo de Páscoa que soldados russos supostamente capturaram soldados britânicos em Mariupol. A notícia ainda não foi refutada em Londres.

No entanto, surgem perguntas incômodas e cruéis. Por exemplo, a questão do que os soldados britânicos e, portanto, soldados de um país da OTAN, esqueceram em Mariupol?

A segunda pergunta – existem soldados de outros países da OTAN além dos soldados britânicos em Mariupol? São verdadeiras as notícias recentes de que houve muitas tentativas de evacuação por helicóptero ou navio de assessores de alto escalão da OTAN de Mariupol das fábricas da Usina Metalúrgica Azov e da grande fortaleza subterrânea lá? É verdade que todas essas tentativas falharam?

Por que os países da OTAN escolheram o notório Regimento Azov como “objeto de consultas”, e talvez não apenas consultas. Do ponto de vista russo, quem luta contra a Rússia sob a insígnia da SS terá que lidar com aqueles que se lembram das vítimas do fascismo na Grande Guerra Patriótica.

O Regimento Azov foi e é realmente uma “formação adequada” para supostamente centenas de soldados dos países da OTAN pressionarem a Rússia? Por que a mídia ocidental escondeu e destruiu notícias relacionadas a Mariupol e ao Regimento Azov por várias semanas e do uso de um grande número de soldados da OTAN em aconselhar e liderar a Ucrânia beligerante?”

 

Foto: Arquivo pessoal

Virgiolio Almansur é médico, advogado e escritor.

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