Do Blog Sair da Inércia
Entrevista com a mãe de Marielle Franco, Marinete, cujo assassinato completa 5 anos amanhã sem resposta.
“Sempre tive confiança de que o crime seria desvendado e os mandantes, apontados. Prefiro acreditar nisso. Como eu, como mãe, poderia viver se não acreditasse?”
A pergunta, da advogada Marinete Silva (foto), mãe de Marielle, feita com exclusividade ao blog, continua sem resposta. A esperança se renovou diante do compromisso assumido por Flávio Dino e Lula no início do atual governo:
“O ministro conhece o caso, porém, se houvesse algo de concreto já teria se chegado aos mandantes”, especula. “Sinto mais confiança no atual andamento, com os compromissos assumidos por Lula e Dino. Agora temos uma força tarefa para ter êxito e chegar aos resultados finais”, completa ela.
Amanhã fazem cinco anos do bárbaro assassinato da vereadora do PSOL e do motorista Anderson Gomes, sem que se saiba as causas e quem mandou matá-la. Continuam presos apenas os peixes miúdos, Ronnie Lessa e Elcio de Queiroz, suspeitos de terem participado do crime.
Dois dias após o brutal assassinato, o Jornal do Brasil, onde eu trabalhava como sub-editora de Cidade, publicava em sua página frontal a derradeira mensagem deixada por Marielle, “Últimas palavras”.
Ali, ela denunciava os abusos de mais uma iniciativa contra negros e pobres das favelas: a Intervenção Federal solicitada pelo então presidente Michel Temer. A mesma que trouxe protagonismo ao general Braga Netto, o vice do derrotado capitão nas eleições de 2022.
Marielle enumerava cinco mortes e quatro feridos já ocorridos em decorrência da intervenção, e se perguntava por que a escolha do Rio de Janeiro, estado que ocupava o décimo lugar nos índices de violência do país no Anuário de Segurança Pública.
No mesmo dia do crime, coincidência ou não, Élcio Queiroz foi ao condomínio Vivendas da Barra – onde moravam Ronnie Lessa e Bolsonaro -, tocou na casa do então deputado, que autorizou sua entrada. A versão foi confirmada duas vezes pelo porteiro, que acabou afastado do cargo.
O ex-presidente provou que estava em Brasília na data, contudo, o suspeito poderia ter sido liberado pelo filho, Carlos, que morava com o pai. Algo que nunca ficou provado, graças às cortinas de fumaça providenciadas pelo clã.
Como se sabe, o atual governo assumiu o compromisso de desvendar o crime. O que não se sabe é se isso será possível tantos anos depois…assim esperamos!
A data será lembrada pelo Instituto Marielle Franco com o Festival Justiça para Marielle, das 18h às 23h, na Praça Mauá, com participações de Djonga à Orquestra da Maré do Amanhã, entre outros, e tuitaço a partir das 10h pelos cinco anos sem respostas. Além de outros eventos.
Matéria publicada originalmente no link abaixo do no link abaixo do blog Sair da Inércia
https://sairdainercia.blogspot.com/?m=1