Mamãe Falei, Bolsonaro, Moro e MBL: a cara da direita brasileira

Por Nelson Marques

O ex-juiz ladrão e pré-candidato a presidente Sérgio Moro se apressou em “repudiar veementemente” os comentários sexistas, misóginos e racistas que o deputado do Podemos, Arthur do Val – o Mamãe Falei -, postou em um grupo de amigos durante sua viagem a Ucrânia.

Entre outras barbaridades, o deputado afirma que as “ucranianas são fáceis de ‘pegar’ porque são pobres”. Como muitos já sabiam, o segundo deputado estadual mais votado em São Paulo nas últimas eleições é um lixo. Mas é mais que isso: ele é a verdadeira cara dessa direita brasileira que enxerga nas mulheres um mero objeto de satisfação sexual.

E por mais pressa que Sérgio Moro tenha tido em tentar desvincular seu nome do Mamãe Falei, o estrago já estava feito. Os comentários do deputado revelam a ideologia dessa direita nojenta, que inclui o próprio Moro, Bolsonaro e seus filhos, os ex-ministros Abraham Weintraub e Ricardo Salles, a ministra Damares Alves, a deputada Bia Kicis, o presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo, Janaína Paschoal, Roberto Jefferson, Silas Malafaia, o blogueiro reaça Allan dos Santos, o deputado do MBL Kim Kataguiri e muitos outros.

No caso do presidente, quem não se lembra do então deputado federal Jair Bolsonaro falando para a deputada do PT, Maria do Rosário: “eu não te estupro porque você não merece”. E não adianta, agora, eles tentarem isolar o Mamãe Falei como se todos não estivessem juntos desde sempre.

Moro colocou Lula injustamente na cadeia, abriu caminho para a vitória de Bolsonaro e depois virou seu ministro da Justiça. Mamãe Falei apoiou o Bolsonaro em 2018 e, atualmente, fazia parceria no Podemos com Moro. Se Moro e Bolsonaro romperam foi por puro oportunismo eleitoral, já que ambos queriam ser candidatos a presidente. Mas todos eles pensam de maneira muito parecida.

Já no Movimento Brasileiro pela Liberdade (MBL), do deputado federal pelo Podemos (o mesmo partido de Moro) Kim Kataguiri e do próprio Mamãe Falei, a maneira de pensar é parecida. O MBL participou ativamente do golpe contra a presidenta Dilma Roussef, convocando manifestações através do Vem pra Rua. Dilma deposta, passou a apoiar o governo Temer e, posteriormente, embarcou na campanha de Bolsonaro.

Com a pandemia e os desvarios do presidente com a defesa da cloroquina, as aglomerações, contra o uso de máscaras e os ataques às vacinas e a consequente queda nos índices de popularidade de Bolsonaro, o MBL, Kim Kataguiri e Mamãe Falei, de maneira muito oportunista, resolveram desembarcar da canoa furada em que se transformou a candidatura do atual presidente.

No momento, o deputado Kim Kataguiri é investigado pela Procuradoria-Geral da República – comandada pelo bolsonarista Augusto Aras – pelas declarações dadas durante um podcast do apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, quando este último defendeu a legalização no Brasil de um partido nazista.

Além disso, o companheiro de viagem de Mamãe Falei à Ucrânia é o dirigente do MBL – e braço direito de Kataguiri – Renan Santos. Renan tem uma característica interessante: ele assina com vários nomes. Um hora pode ser o Renan Henrique Ferreira dos Santos, em outra Renan Hass. Mas a realidade é que ao se fazer uma pesquisa no Diário Oficial de SP, Renan Antônio Ferreira dos Santos – seu nome verdadeiro -, aparece em 27 processos como pessoa física ou de empresas das quais ele foi ou é sócio.

Enfim, se os comentários nojentos do deputado Mamãe Falei na Ucrânia serviram pra alguma coisa – além de afundar sua candidatura ao governo de SP e a possibilidade de ter seu mandato cassado – foi para mostrar a verdadeira face dessa direita asquerosa que, infelizmente, sobrevive no Brasil.

 

Nelson Marques é jornalista e produtor de vídeos. Assina dezenas de campanhas eleitorais, de vereador a presidente da República. É editor do site Construir Resistência

 

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