O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tem uma grande preocupação, além de definir os ministros da área Econômica – que necessariamente precisam ser do agrado do chamado mercado, mas escolher sobretudo quem será o ministro-chefe da Casa Civil, cargo vital nos governos do PT e de onde se constrói a candidatura do sucessor, como foi o caso do ex-ministro José Dirceu (que estava sendo formatado para disputar a presidência, caso não tivesse sido desconstruído pelos ataques conservadores) e a própria Dilma Rousseff, que ocupou o cargo para se eleger como presidenta da República.
Na entrevista coletiva que concedeu nesta sexta-feira, Lula disse que já possuía 80% do futuro ministério em sua cabeça, mas descartou que o nome da presidenta do PT Gleisi Hoffmann para ocupar novamente o cargo de ministra-chefe da Casa Civil, como ocorreu exatamente no governo de Dilma Rousseff. A deputada federal teve papel preponderante na vitória do ex-presidente e era uma das cotadas para reassumir a função. Certamente, o futuro presidente deve ter outro nome em mente.
Durante a entrevista, Lula destacou a importância da continuidade da Gleisi na presidência do Partido dos Trabalhadores. “O PT é um partido muito grande, muito importante, majoritário na montagem da governança dentro do Congresso Nacional”, destacou.
“É muito importante manter o PT se organizando, manter o PT se fortalecendo e tem outras pessoas que podem representá-la dignamente no governo, a começar pelo presidente da República. Então, o fato de eu ter dito para a Gleisi que ela não será ministra é o reconhecimento do papel que a Gleisi tem na organização política do PT no Brasil”, acrescentou.
Para ser ministra, Gleisi precisaria deixar a presidência nacional do PT, conforme prevê o estatuto do partido. Ela era cotada não apenas para para ser ministra da Casa Civil ou até do Planejamento no futuro governo. Ela mesma indicou ao presidente eleito que preferia assumir um ministério da área social por considerar que eles têm maior capilaridade política. Aparentemente isso não ocorreu, mas este quadro pode mudar.
Lula, que já declarou que não seria candidato à reeleição, sabe que a Frente Ampla de 10 partidos formada para derrotar o bolsonarismo possui dois virtuais candidatos à sucessão do petista: o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, do PSB e a senadora Simone Tebet, do MDB, ambos com brilho intenso na vitória do ex-presidente.
Por isso, é estratégico para o PT definir um ministro-chefe da Casa Civil que seja dos quadros do partido. É praticamente certo que será petista um dos ministro da área Econômica (e o nome mais cotado é do ex-prefeito Fernando Haddad), da Saúde (eventualmente Alexandre Padilha), da Educação (que poderá ser um quadro indicado por Haddad) e da Comunicação ( o mais cotado é o nome do prefeito de Araraquara, Edinho Silva, um dos coordenadores da campanha de Lula na área).
Mas, a grande incógnita fica mesmo para o ministro-chefe da Casa Civil que, no cargo, se viabiliza para a disputa da presidência da República em 2027. Não sendo Gleisi Hoffmann (que continua como presidenta do PT) e Aloizio Mercadante (que é o atual presidente da Fundação Perseu Abramo e possui o mesmo impedimento da petista), quem Lula deverá formatar para concorrer nas próximas eleições presidenciais, (se é que o partido pretende lançar candidato), sendo do agrado interno do partido e de todos os eleitores progressistas?
Façam suas apostas
PS: depois de publicada a matéria, já surgiram alguns palpites: o senador Jaques Wagner (PT/BA), Ruy Costa( PT/BA) e Fernando Haddad (PT/SP). Já houve sugestão de ser Geraldo Alckmin (PSB) para reforçar o governo de Coalizão. Surgindo outros, acrescento….