Por Simão Pedro Chiovetti
– Rejeição a Bolsonaro cresce, mas bolsonarismo resiste;
– Elites econômicas se aproveitam do enfraquecimento do governo e exigem mais privatizações;
– Direita busca desesperadamente alternativa.
Charge: Amarildo
A grande mídia não deu muita importância, pois segue firme na linha de construir uma solução anti-Lula, mas nosso líder petista apareceu muito bem nas duas pesquisas de opinião publicadas nos últimos dias. Pela pesquisa do instituto IPEC/Ibope, feita entre 17 e 21/06, #Lula tem 49% das intenções de voto já no 1º turno, contra 23% de #Bolsonaro. Os candidatos que tentam se colocar como alternativa pelo “centro”, com apoio da direita liberal, estão mal: Ciro com 7%, Dória com 5% e Mandetta com 3%. Lula ganharia de todos com folga num hipotético 2º turno.
Mas a novidade desta pesquisa, que tem mais credibilidade pois foi feita presencialmente, é o comportamento dos eleitores que votaram em Bolsonaro no 2º turno de 2018. Desses, 38% se declaram “arrependidos” por ter votado no capitão e 25% deles dizem que agora votarão em Lula “com certeza” e outros 13% que “poderão votar”. Isso mostra Lula catalisando votos neste eleitorado ex-bolsonarista e nos que votaram nulo ou em branco.
Na outra pesquisa, da CNT/MDA, feita e publicada no finalzinho de junho, Lula também aparece bem, com 41% das intenções de voto e Bolsonaro com 27%, seguidos de Ciro Gomes com 6% e Dória com 4%. Evidente que as pesquisas mostram o bolsonarismo ainda firme nos seus mais de 20% de apoio, avalizando o genocida como candidato anti-Lula.
E as elites que dominam a sociedade pela economia se aproveitam do enfraquecimento do governo pra arrancar dele tudo o que resta: as empresas públicas, as terras da Amazônia e dos indígenas e por aí vai. As esquerdas vão resistindo a isso como podem, mas sem conseguir impedir as sacanagens.
Quanto à direita, representada pelo #PSDB, #MDB, #DEM, #RedeGlobo e alguns outros setores empresariais, ela continua na tentativa desesperada – porque o tempo é curto – de construir uma alternativa que se contraponha ao que chamam de polarização entre Lula e Bolsonaro. Alguns nomes que apareciam em pesquisas anteriores, como Luciano Huck, Amoedo e Sergio Moro, já foram descartados pelo caminho.
A Globo está testando no momento o atual governador do RS, que revelou ser gay. E Ciro Gomes continua se oferecendo desesperadamente para ser aceito como o candidato desse setor, apostando no antipetismo com ataques frequentes à Lula. Mas tá difícil a vida aí, porque a chamada polarização é algo normal na história política brasileira.
Bolsonaro, por sua vez, aposta no “quanto pior melhor” para impor políticas assistencialistas e de fortalecimento do regime de militares do exército e das polícias nos Estados. Ele aposta no esvaziamento da CPI da #pandemia, acredita na recuperação econômica que dificilmente virá – a não ser pela manipulação da mídia – nos auxílios emergenciais e joga com orçamento paralelo. Mas isso é aposta de alto risco.
Pelo que aparece nas pesquisas e manifestações de rua, a população está no limite com a pandemia, corrupção com as vacinas, privilégios à alguns poucos como os militares, alto desemprego, fome e miséria e falta de oportunidades. Evidente que muita água vai passar por debaixo da ponte e pesquisa é retrato de um momento, mas que as tendências do eleitorado estão cada vez mais claras, estão!