Por Hildegard Angel
Eu sem maquiagem e Carol Proner também. A maquiagem da juventude é natural.
Carol está em Lisboa, onde seu augusto, augustissimo marido, Chico Buarque de Holanda, vai receber, das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais importante prêmio da língua portuguesa, o consagrador Prêmio Camões.
Por trás dessa entrega há uma história política, que bem ilustra a era paleolítica a que o Brasil retrocedeu nos seis anos passados (Temer, inclusive): a Idade da Pedra Lascada.
Pelo estatuto do prêmio, seu diploma deveria receber a assinatura do presidente do país do agraciado. O brucutu com a faixa presidencial e com um tacape no lugar do cérebro, que acabara de tomar posse, grunhiu que ele não assinaria nem entregaria nada ao Chico. Este suspirou aliviado e pediu a Carol que jogasse flores de agradecimento a Iemanjá por essa graça alcançada, pois jamais aceitaria receber coisa alguma da pré-neolítica criatura assentada e obrando no trono (aquele mesmo que vocês estão pensando) – preferia esperar a volta do Lula.
E Lula foi absolvido, saiu da prisão, se elegeu Presidente da República e está em Lisboa, onde entregará o prêmio Camões ao Chico, com sua assinatura.
Quem não acredita em finais felizes pode continuar a não acreditar, porque não se trata de um final, mas de um recomeço. Trata-se do ponteiro do relógio da razão acertando o passo; de uma ampulheta invertida para o recomeço da Era da Plenitude, da Sensibilidade, da Reconstrução do Brasil e das mentes brasileiras.
Vai, Camões de um só olho, consagrar os olhos de ardósia 👁👁 de quem enxerga o Brasil com as verdes lentes da esperança, combustível que salva, redime e alimenta, desde sempre, as almas brasileiras e as faz fortes para suportarem tanto sofrimento e se reerguerem depois de cada tranco.
Meus cumprimentos ao Chico, pelo prêmio, ao Lula, pela sorte de entregá-lo, e a Carol, pelo seu prestígio com Iemanjá.
O dia de hoje ser o de Tiradentes 🦷tem tudo a ver com essa crônica e minha inspiração.