Por Simão Zygband
Todos reconhecem a qualidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um mestre no xadrez político, um visionário que conseguiu prever com antecedência os rumos que a política nacional tomaria depois de sua soltura, da prisão arbitrária que sofreu por parte do juiz farsante, Sérgio Moro, cuja irresponsabilidade lhe custou longos 580 dias do cerceamento de sua liberdade.
Como se fizesse uma profecia, durante um dos depoimentos prestados para Sérgio Moro, Lula acertou no alvo:” Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que serei absolvido, prepare-se, porque os ataques ao senhor serão maiores”, disse ele em suas considerações finais, dirigindo-se a seu inquisidor.
Moro foi extremamente atacado e humilhado por Jair Bolsonaro que o transformou em ministro da Justiça, suas sentenças contra Lula foram consideradas suspeitas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e anuladas, permitindo que o atual presidente retomasse seus direitos políticos.
Sua grandiosa vitória nas urnas no dia 30 de outubro, derrotando um verdadeiro derrame de dinheiro e um exército de fake news, deram maior brilho à sua terceira eleição.
Lula foi o o genial articulador político da montagem da Frente Ampla, aceitando o ex-governador de São Paulo e seu antigo adversário, Geraldo Alckmin, como candidato a vice, e unindo ao seu redor muitos partidos e tendências diferentes. “É preciso unir os divergentes para enfrentar os antagônicos”, insistiu o presidente citando o educador Paulo Freire.
A fórmula foi plena de êxito e deixou os fascistas bolsonaristas isolados e falando sozinhos. Lula ultrapassou assim duas etapas fundamentais para o processo de reconstrução do país, arrasado pela extrema direita: ganhou as eleições de maneira espetacular e tomou posse em uma cerimônia que entrará para a história, tão majestosa e repleta de significados.
Lula, ao contrário do que diziam seus adversários e inimigos, não somente foi empossado, como subiu a rampa do Palácio do Planalto juntamente com personagens significativos da sociedade brasileira e levou consigo a cadelinha Resistência, cujo nome é o símbolo da luta, determinação e persistência do atual presidente. Sempre acompanhado da sua companheira, Janja da Silva, vestida de maneira exuberante. Coube a ela a organização de evento inesquecível, calando a boca dos invejosos e invejosas.
Dentro deste espetáculo, Lula recebeu das mãos de uma coletora de materiais recicláveis, Aline Souza, representando toda a sociedade brasileira, a faixa presidencial, já que seu antecessor decidiu fugir.
O presidente Lula também demonstrou genialidade politica ao permitir que Geraldo Alckmin chefiasse a equipe de transição e juntamente com ele, terminados os trabalhos de diagnósticos do desastroso governo Bolsonaro, iniciou a montagem de governo, possivelmente uma das etapas mais complexas, já que o Brasil tem pouca ou quase nenhuma experiência com governos de Coalizão ou de Frente Ampla.
O ministério de Lula, a grosso modo, foi o mais negociado para a montagem de um governo já ocorrido no país. Derrotado o antagônico, foi necessário contemplar todos os divergentes o que, convenhamos, não é tarefa fácil.
Nestes momentos iniciais, aparentemente, tem surtido bons resultados, pois há pouco ruído na construção da chamada base de sustentação.
Mas agora, chegou a hora de botar este transatlântico que uniu tantos diferentes para navegar. De fora, ele aparenta ser uma verdadeira Arca de Noé. No governo Lula, aconteça o que acontecer, será infinitamente melhor que o do genocida Bolsonaro. Há todos os perfis para serem conciliados, exceto, evidentemente a extrema direita raivosa.
O que se espera é que toda está costura não se transforme em uma torre de babel, cada um falando uma língua.
O governo Lula tem no seu interior diferentes tendências: da nativa Sônia Guajajara como ministra dos Povos Originários, da neta do ex-revolucionário Carlos Marighella, Maria Marighella, como presidenta da Funarte, a suave Marina Silva, no Ministério do Meio Ambiente, a moderados como o próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, a centro direitista Simone Tebet, ministra do Planejamento, passando pelo direitista José Múcio como ministro da Defesa. O ministério é composto por 26 homens e 11 mulheres, totalizando 37 órgãos. Doze deles são dirigidos por petistas.
Enfim, Lula será o grande timoneiro deste diverso transatlântico em um mar revolto, cujo condutor anterior abandonou o barco, deixando-o a deriva, possuindo uma dívida monstruosa para o seu sucessor pagar e ondas gigantescas a serem transpostas.
Novamente Lula estará sendo colocado à prova. Mas o povo brasileiro confia nesta grande liderança, um estadista de renome internacional.
De toda forma, cabe a todos os brasileiros a tarefa de defender e ajudar o novo governo.
E não será um trabalho fácil