Por Simão Zygband
Participei na manhã desta terça-feira (17), na qualidade de editor do site Construir Resistência, da reunião dos membros do Conselho Consultivo do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e de jornalistas da mídia alternativa com o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Antes de mais nada, gostaria de parabenizar o ministro de cargo tão nevrálgico no governo Lula, que se encontra no chamado “olho do furacão” de ter disponibilizado horário precioso de sua rotina para conversar com jornalistas, comunicadores e blogueiros que têm no Barão de Itararé uma de suas principais entidades de luta por uma mídia democrática e não hegemônica.
Confesso que sou daqueles que me preocupa muito com a pasta do ministro Dino, que até então, tem mostrado um desempenho equilibrado no exercício da função, muito semelhante à do presidente Lula, que inaugurou seu governo com uma linda festa de posse, mas que uma semana depois. foi brindado com atos lamentáveis de terrorismo, com danos irreparáveis ao patrimônio público, bem no coração do poder em Brasília.
Não sei se teria a paciência demonstrada por Dino e talvez tivesse posto tudo a perder e elevado a temperatura em um país que vive em clima de guerra. Seria muito pior do que já se está enfrentando. Talvez tivesse jogado gasolina no fogo ao invés de debela-lo, como bem o fez com habilidade o ministro da Justiça.
Nós, que ajudamos a eleger o presidente Lula, temos medo de perder o que foi conquistado com tanto sacrifício na batalha das eleições presidenciais, onde a maioria da população, contra tudo e contra todos, quis dar um basta ao fascismo.
Lula obteve vitória heroica, por margem estreita de votos. Desde então, tivemos dois meses angustiantes até o dia da posse, com medo de que o presidente fosse impedido de assumir o cargo e que, convenhamos, terá uma tarefa hercúlea pela frente que será governar.
Logo ao desligar o computador onde participei do encontro com o ministro, recebi no whatszapp o vídeo gravado por um facínora, um asqueroso miliciano, fazendo ameaças ao ministro Alexandre de Moraes e ao presidente Lula.
Alegava ele que os próximos atentados seriam a bala, que ele “cortaria” mais dedos do presidente, entre outras falas bem típicas de um cruel assassino. Parecia ser o chefe de facção de milicianos do Rio de Janeiro.
Pelo sim ou pelo não, por serem reais ou não as ameaças, na dúvida, passei o vídeo ao coordenador do Barão de Itararé para que ele fizesse chegar ao ministro.
A impressão de um jornalista veterano como eu é que o país vive uma guerra. É um sentimento natural, principalmente após os episódios do dia da diplomação do Lula e no fatídico 8 de janeiro, data que entrará para a história do país como o Dia da Estupidez Fascista.
Tenho a sensação de que Lula, Alexandre de Moraes e o próprio Dino recebem ameaças a todo instante. Que o governo que mal começou, que tem menos de um mês no exercício do poder, já nasceu sob intenso bombardeio. Há inimigos externos como os bolsonaristas, mas internos por funcionários que conspiram contra o presidente, 24 horas por dia, sobretudo nas Forças Armadas e nos serviços de inteligência.
Lógico que não existe uma fórmula mágica ou uma varinha de condão para resolver os problemas. O presidente Lula e o ministro Dino, entre outros, já deveriam saber que enfrentariam este quadro de guerra, de enfrentamento, de jogo político intenso e de traições, com inimigos (e de alguns que se dizem amigos) em cada esquina.
Confio em Lula e Dino. Eles terão que ter uma sabedoria sobre-humana para enfrentar os golpistas e os fascistas. Nós, como cidadãos, teremos que fazer a nossa parte, evitando a crítica fácil e nos colocando ombro a ombro com o governo. Lógico que eles tem a missão de organizar a resistência ao golpe com todos os mecanismos disponíveis, com habilidade e sabedoria.
A luta só está começando.
Não Passarão!