Por Simão Zygband
Qualquer pessoa minimamente antenada sabe os desafios que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá que transpor caso seja reeleito para dirigir os destinos do país a partir de janeiro de 2023 e que se confirmem os números das mais variadas pesquisas de intenção de votos para as eleições de outubro e que o trazem na liderança.
Primeiro, há de se admirar a disposição de um político de 76 anos de idade, que já poderia estar tranquilamente desfrutando de um merecido descanso, ao lado de sua companheira, a Rosangela da Silva, a Janja, que nem precisará trocar o sobrenome de casada (e nem é obrigada por lei), pois ela já é da Silva, como seu futuro marido. O casal anunciou que pretende se casar em maio.
Lula, é bom lembrar, amargou 580 dias de prisão ilegal, vítima que foi de uma armação política de seus inimigos, que teve no ex-juiz criminoso, Sérgio Moro, um dos seus algozes. Isso seria cruel para qualquer pessoa. Mas o ex-presidente tem consciência do papel político que representa e está se transformando na única alternativa para derrotar o fascismo. E ele sabe muito bem desta fundamental tarefa militante e cidadã. Não é qualquer um que gostaria de presidir o país nas condições em que ele se em encontra, totalmente destruído pelo bolsonarismo. É, sem dúvida, um exemplo de amor à pátria.
Mas o que Lula encontrará pela frente caso se reeleja presidente da República? Um Brasil totalmente arrasado pelo golpe de estado de direita e, mais do que isso, tomado pelos militares lesa pátria, o narcotráfico e as milícias.
Portanto, não basta apenas o ex-presidente vencer as eleições (que já não será tarefa fácil), de fazer seus adversários aceitarem o resultado e eleger junto com ele uma grande bancada de deputados federais e senadores alinhados com as propostas do novo governo.
Lula herdará um país de terra arrasada pelo genocida miliciano Jair Bolsonaro, um desqualificado colocado no poder por inconsequentes como ele, que caíram no canto da sereia de uma mudança baseada no mais leviano antipetismo, onde o então candidato miliciano anunciava aos quatro ventos, inclusive na campanha eleitoral, que iria “metralhar a petralhada”.
Resultado da insanidade coletiva: em menos de quatro anos de governo, a miséria proliferou para todos os cantos do país, os preços das tarifas, combustíveis e alimentos dispararam, se desregulamentou totalmente as relações de trabalho e se inviabilizou a aposentadoria dos brasileiros. Milhões de famílias estão endividadas e não ganham para a sobrevivência, diante do desemprego, do achatamento dos salários e das aposentadorias. Seria pouco considerar um caos a situação do Brasil.
Tudo isso, evidente, Lula terá que enfrentar de frente mas que, dentro de alguns anos, com medidas políticas e econômicas adequadas, se poderia, se não resolver, ao menos atenuar a grave situação.
Mas o que parece o mais complicado é, sem dúvida, atacar a criminalidade e a presença das milícias que estão enraizadas nas instituições brasileiras e, com grande parcela de responsabilidade do atual mandatário, na política nacional.
Tudo isso tem reflexo no cotidiano dos brasileiros. O banditismo toma conta de várias comunidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e demais estados, criando um estado de calamidade e insegurança pública.
É comum o cidadão andar armado e ameaçar quem quer que seja em uma banal briga de trânsito. A violência se tornou uma marca dos governos fascistas, inclusive no Brasil. A juventude, sem emprego ou mercado de trabalho, acaba sendo facilmente cooptada pela criminalidade. O Brasil já se assemelha e muito ao que acontece na Colômbia e no México, onde as milícias e o narcotráfico controlam as comunidades.
Quem incentiva a violência, além do próprio miliciano no poder? qualquer deputadinho mequetrefe de direita, componente das chamadas bancadas da Bala, se autoriza a ameaçar a vida do candidato da Frente Ampla, Luiz Inácio Lula da Silva, sem nada lhes acontecer. O Judiciário também está apodrecido e contaminado por este clima de banditismo que tomou conta do país.
O jornal Folha de São Paulo traz grave denúncia que mostra que foram encontradas em São Paulo e no Rio de Janeiro 40 valas clandestinas contendo 201 mortos. Enquanto muitos brasileiros ficam chocados com imagens da guerra da Rússia contra a Ucrânia, mal sabem que episódios semelhantes estão diante de seus narizes, a poucos quilômetros das suas casas.
É como disse o jornalista Sérgio Leopoldo Rodrigues, em texto para o Construir Resistência, antes mesmo de estourar a denúncia das valas clandestinas; “Bucha e Donbas são aqui”. Não resta a menor dúvida.
Força presidente Lula. Conte com o nosso apoio para tirar o país do caos.