Por Geraldo José de Almeida Junior
A grande nação corinthiana tem uma bela e profunda relação amorosa com o estádio do Pacaembu, palco de muitas de nossas mais incríveis conquistas, como o título do Quarto Centenário e a conquista da Copa Libertadores de América. Foi lá que assistimos aos shows de muitos de nossos maiores ídolos, como Luizinho, Baltazar, Claudio, Rivellino e Sócrates. Mais que tudo, no entanto, o Pacaembu sempre foi um ponto de encontro da Fiel. Na tenda do pernil da Charles Miller, nas antigas bancadas ou no tobogã, vivemos o grande sonho comunitário de união. Pais e filhos provaram ali, juntos, a magia da convivência no corinthianismo. De geração em geração, no sorriso largo ou na lágrima salgada, aprendemos ali a compartilhar sentimentos, a praticar a solidariedade e a manter a fé, mesmo nos momentos mais difíceis. O seu, o meu, o nosso Pacaembu é mais do que um estádio. É mais do que um patrimônio arquitetônico. É um bem intangível, referência das nossas memórias afetivas. É do povo todo de São Paulo e para ele deve ser devolvido. Chega de ladroagem. Chega de farra para os tubarões do mercado. Convocamos todos a participar da manifestação das torcidas antifascistas diante do Paca. É dia 29 de Janeiro, agora, às 15 horas. Queremos o que é nosso de volta. Fora Bolsonaro e viva o futebol popular.
Geraldo José de Almeida Junior é liderança do Coletivo Democracia Corintiana (CDC)
Por Marcos Antônio Gama
A Europa, uma das regiões mais antigas da humanidade, tem seus problemas de crescimento urbano, mas respeita e preserva sua história. Aqui, com tanto espaço, a ganância e o desrespeito prefere destruir nosso pouco patrimônio histórico. Para que destruir o tobogã, que já tinha sido também uma agressão ao perfeito conjunto arquitetônico da concha acústica, para a construção de um hotel, shopping… tanto lugar nesta cidade. Para que destruir o conjunto do Ibiraquera para a construção de um shopping? Ninguém ouviu o histórico dos torcedores. Desde 1950, não vi só grandes e históricos jogos do meu Palmeiras, mas de outros clubes, o Santos do Pelé por exemplo. E não era só futebol. Em 1963, nos jogos Pan-Americanos, o público não era de privilegiados coxinhas, e sim de estudantes, operários… povão. E presenciei este público aplaudindo mais a delegação de Cuba do que a dos USA. Temos que estar na praça Charles Miller dia 29 para combater os políticos vendidos e este capitalismo especulativo cruel, desumano e canalha.
Marcos Antônio Gama é liderança da Porcomunas
Por Alek Sander de Carvalho
Esse ser com fome de sociabilidade que somos, adoentado quando isolado, que sorri na companhia do outro ou com a memória da sua presença, constrói as suas relações no espaço e no tempo.
Nossa lembrança brinca na rua. Joga bola na quadra da escola. Compra doce no boteco. Grita do gol em uma partida no Pacaembu pelo rádio, televisão ou torcida do coração. O que nos resta daquilo que fomos mora em nossa memória, mas não somente nela. Pois, memórias moram também nos espaços que nos cercam.
Nós, pessoas inseridas no espaço, no tempo e nas relações sociais estamos sempre perdendo involuntariamente aquilo que dava materialidade às nossas experiências. Morre a rua, o pátio da escola, o boteco e se ergue no lugar uma lápide de concreto, que mal serve pra moradia, mas muito convém para quem especula o metro quadrado.
O estádio do Pacaembu, por sua vez, acabou de ser sepultado sob 7 palmos de asfalto, por herdeiros de senhores de engenho, ladrões de terras e escravizadores.
Do lado de fora do abismo, João Dória é só a cabeça da serpente que nos mira afundados na lama. Ingenuidade seria achar que ele é o único a ser derrotado nessa trama.
Nós pobres da classe proletária somos interditados da cidade desde o berço, como alienígenas no planeta Terra, nos privam de 60 metros quadrados de teto, dignidade e conforto na urbe. O sistema de exploração capitalista, de saque e acúmulo dos nossos tempos de vida é quem deve ser derrotado, assim como os seus gestores e entusiastas.
O estádio do Pacaembu não é patrimônio do Dória. O estádio do Pacaembu pertence ao povo e nenhum pedaço de papel timbrado com a assinatura de um traidor revogará isso.
Haverá luta pela reversão do processo de privatização, essa falácia que vende o patrimônio público para o usufruto de entidades privadas encaixadas em esquemas de repasse de verba pública para contas bancárias pessoais.
#ReformaUrbanaJa
#ReformaAgrariaJa
#oPacaembuEdoPovo
#aCidadeEnossa
#ForaDoria
#ForaBolsonaro
#ForaMilitares
Alek Sander de Carvalho é liderança do Bloco Tricolor Antifa
Fotos e imagens aéreas do Pacaembu: Paulo Rapoport (Popó)
Fotos das torcidas: Douglas Mansur
Fotos terrestres do Pacaembu : Facebook, autor desconhecido
Vejam as imagens dramáticas da desfiguração do estádio do Pacaembu