Por Toninho Nascimento*
No momento de modernização do futebol brasileiro, os sócios do Palmeiras resolveram acabar com os intermediários e votaram no retrocesso. A empresária Leila Pinheiro foi eleita sábado presidente do clube de São Paulo, a primeira mulher a assumir o cargo desde a fundação, há 104 anos. Uma boa notícia? Não.
Leila é também dona de várias empresas, sendo a principal delas a Crefisa, que patrocina e empresta dinheiro para o Palmeiras desde 2015. Ela poderá renegociar o contrato de patrocínio conversando com o espelho de sua casa. É difícil entender como será a relação entre clube-patrocinador com uma mesma pessoa nas duas pontas. Um completo conflito de interesses.
Nos próximos três anos – a posse será em 15 de dezembro -, Leila, de 57 anos, vai se equilibrar entre esses dois cargos. E já garantiu que não poupará esforços: “Tenho dois grandes pilares: o primeiro, um Palmeiras cada vez mais vitorioso, chega de protagonismo. Protagonistas já somos, queremos ser vitoriosos. O segundo, é aproximar o torcedor do seu time”. Além do clube, a empresária patrocina ainda a escola de samba Mancha Verde.
Nascida em Cabo Frio, ela tinha tudo para ser vascaína, como sua família. Na adolescência, com apoio da mãe e contra a opinião do pai, foi para o Rio de Janeiro, onde cursou a faculdade de jornalismo e chegou a fazer estágio no esporte da TV Manchete. Mas, aos 17 anos, conheceu o empresário José Roberto Lamacchia, palmeirense fanático, com patrimônio estimado, pela revista Forbes, em 3,6 bilhões de reais. E tudo mudou.
Nos próximos três anos, o Palmeiras será um “clube-empresa” de um jeito bem característico do atraso do nosso futebol.
*Toninho Nascimento é jornalista e foi editor de esportes do jornal O Globo por 16 anos.
Legenda da Foto: LEILA PINHEIRO, a nova presidente do Palmeiras (Foto: Agência Palmeiras)
Matéria originalmente publicada na página Quarentena News e gentilmente cedida pelo autor ao nosso Portal.