Por Fernando Castilho

O debate promovido pelo pool SBT, CNN Brasil, Terra, Nova Brasil, Estadão, Eldorado e Veja poderia passar batido devido à ausência do líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula.
Mas, apesar de morno, não passou.
Elevado pelos veículos de imprensa a candidato com direito a participar junto com os mais bem colocados, uma figura até então obscura chamou a atenção: o “padre” Kelmon.
Explico as aspas.
Kelmon, na realidade, não é padre.
O representante da Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo e de todo o Brasil, diácono Genê, afirma que Kelmon Luís de Souza não pertence à instituição e a nenhuma outra instituição ortodoxa do país. Trata-se, portanto, de um padre fake.
Seria de utilidade pública, neste momento, que o pool de mídias explicasse o motivo do convite feito ao candidato que substituiu Roberto Jefferson, o nome original do PTB que foi impedido pela justiça eleitoral por ser ficha suja.
Kelmon, candidato de última hora sem a menor expressão em votos, atuou como linha auxiliar do presidente Jair Bolsonaro de maneira explícita. Só faltou dizer que iria votar nele.
Além disso, destilou seu preconceito e ignorância, próprios dessa direita golpista que quer mais quatro anos de um desgoverno que promove a vagabundagem, o ódio e o empobrecimento da população.
Pelo menos, levou uma tarracada da candidata Simone Tebet.
Muita gente viu Kelmon como mais uma figura folclórica que não tem a mínima condição de reverter a desvantagem do capitão nas pesquisas, mas na verdade, o elemento é perigoso, como afirmou o diácono Genê, e precisa ser denunciado pelo crime de falsidade ideológica.
Um homem vestindo batina e alegando ser padre é como alguém trajando jaleco branco se intitulando doutor. Tem que ser preso.
Mas isso pode ser feito pela coligação lulista após as eleições, caso ele não venha a participar do último e mais importante debate, o da Rede Globo.
Não é aceitável que o falso padre seja convidado, até porque não tem expressão alguma. Se não for, Kelmon será esquecido. Se for, bagunçará o coreto, que é o que o capitão mais deseja.
Neste caso, a coordenação da campanha de Lula tem que tomar alguns cuidados nesta reta final, pois qualquer fato, mesmo que pequeno e aparentemente sem importância como um padre fake atuando como franco atirador, pode tirar Lula da vitória no primeiro turno.

Fernando Castilho é arquiteto, professor e escritor. Autor de Depois que Descemos das Árvores, Um Humano Num Pálido Ponto Azul e Dilma, a Sangria Estancada. Editor do blog Análise e Opinião.