Por Luiz Otavio Barreto
Mario Vargas Llosa eh um escritor peruano; em 2010 ele foi Nobel de literatura. Numa palestra recente, disse preferir Bolsonaro a Lula. Llosa, abastece seu carro no Brasil?! Faz suas compras num supermercado brasileiro?! Será que ele compra carne no açougue do ‘seu Alipio’ ou 6 pães por 5,80 na padaria da Abreu Lima?! Será que ele paga 9,90 num litro de óleo de soja para que dona Isabel Preysler frite uns ovos ou passe um bife?! (BIFE, OI?!).
Não que a opinião de Llosa, assim como a de Von Hunty, sejam grandes mobilizadoras ou que, no fim das contas, contabilizem relevante número no processo eleitoral. Não eh isso. Mas eh, a despeito dos propósitos de um e outro, espantoso o descolamento da realidade do caos que estamos vivendo no Brasil. No caso de Von Hunty eh ainda pior. O outro está lá na casa do cacete. Hunty, a pop, está aqui.
Esse tipo de episódio serve para revelar que inteligência e empatia ou caráter e senso de realidade, são coisas distintas. Eh facílimo conjecturar soluções, cenários e possibilidades quando se está bem vestido, bem nutrido, alimentado, com as contas em dias e com crédito e, quem sabe, uma boa reserva. Quando se está num meio seguro, com pares, todos gozando das mesmas condições! Quando se está no estrangeiro, quando o problema não eh seu, então…
Tinha um aporrinhamento quando jornalistas perguntavam a opinião de uma classe menos ou nada politizada, acerca da política brasileira. Agora você veja como são as coisas! O óbvio ululante sendo esfregado nas nossas caras, trôpegos em misérias e cadáveres da pandemia, da fome, das roubalheiras, tendo de pagar viagra, prótese de rhola pra militar broxa, e tendo de suportar intelectuais fascistas, revolucionários doidos de vinólia amarelo…
Adoro quando Anita esfrega a realidade na cara do Brasil. Por um mundo em que mais Anitas continuem mandando o recado e menos Von Huntys, menos Llosas, menos Marias Beltrão, Merval Pereiras, Veras Magalhães, Marcelos Tas, menos esquerda romantizada, passadora de pano, menos intelectuais da puta que pariu falando besteiras…

Luiz Otavio Barreto é músico pianista e professor de língua portuguesa.