Impressões sobre a pesquisa Datafolha feita após o debate

Por Fernando Castilho 

 

 

Um dia após o debate Band, Uol, TV Cultura e Folha de São Paulo, o Datafolha publicou uma pesquisa para avaliar o desempenho de cada candidato.

Infelizmente a sondagem, que ouviu somente 60 pessoas, não é representativa da impressão que cada brasileiro teve do encontro, porém, pode indicar alguma percepção e coincide um pouco com a minha.

Vamos a ela.

Simone Tebet – 43% (um pouco de exagero)

Ciro Gomes – 23%

Lula – 10%

Bolsonaro – 10%

Felipe D’Ávila – 8%

Soraya Thronicke – 2%

Tebet usa de uma oratória muito incisiva e centrou seu fogo contra Bolsonaro, principalmente, Lula. Foi muito bem, mas não a ponto de subir muito nas pesquisas presidenciais. Seus aliados estimam que ela suba para uns 5 pontos, apenas.

Ciro, como sempre, elegeu Lula como seu alvo preferido. Só teve um entrevero com o capitão depois que este, num erro estratégico, o acusou de violência contra Patrícia Pillar.

Lula esteve apático. A imprensa e Ciro têm levantado dúvidas com relação a seu estado de saúde, mas imagino que ele tenha somente respeitado a orientação da coordenação de sua campanha, composta por muita gente morna que tem demonstrado receio e tenta controlar o ex-presidente. Lula precisa de liberdade para ser autêntico. Precisa acreditar na possibilidade ainda real de vencer no primeiro turno e para isso deveria fazer como Tebet e tentar desestabilizar o capitão, coisa muito fácil de fazer, e que poderia ser decisivo agora.

Bolsonaro, além das inúmeras mentiras que proferiu, cometeu dois erros crassos para quem alimenta ainda o sonho de vencer pela via democrática.

Atacou Ciro, aquele que tem justamente apontado suas baterias contra Lula. Ciro Gomes tem poupado o capitão e até há quem diga que o apoiaria num possível segundo turno.

Além disso, se queimou ao ofender a jornalista Vera Magalhães, sabotando, de certa forma, o esforço que sua esposa, Michelle tem feito para tentar convencer mulheres ingênuas que ele respeita o sexo feminino. Pegou muito mal. 

É preciso ainda lembrar que o capitão falou o tempo todo para seu cercadinho, desconsiderando ampliar seu eleitorado. Há, portanto, algum exagero nos 10%.

Felipe D’Ávila é um caso à parte.

O candidato milionário, mesmo parecendo assustador com seus olhos arregalados e prometendo privatizar tudo, obteve 8%. Acho que é muito.

Sobre sua fala, gostaria de compreender como há gente que concorda com a privatização de todos os serviços públicos. Como alguém se dispõe a pagar consultas, cirurgias e remédios, caso o SUS deixe de existir?

Como alguém aceita pagar a mensalidade das escolas de seus filhos?

Quem são essas pessoas?

E pra quê ser presidente se tudo vai ficar nas mãos da iniciativa privada? Será que ele não seria um dos compradores de empresas públicas para ficar mais rico?

Felizmente, D’Ávila não tem chances de se eleger.

Sobre Thronicke, há muito pouco a falar.

Seu desempenho na CPI da Covid-19 foi bastante sofrível e no debate não foi diferente. 2% para ela já é muito.

Espero que no próximo debate, caso Lula e Bolsonaro compareçam, o campo progressista se posicione mais incisivamente e destrua o capitão, afinal, é a democracia, a recuperação do país e nossa liberdade que estão em jogo.

 

Fernando Castilho é arquiteto e professor. Criador do blog Análise & Opinião

Contribuição para o Construir Resistência ->

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *