Compartilhado do Quarentena News
Por Jorge Antonio Barros
Mesmo que Bolsonaro não tivesse sido um dos principais responsáveis pela tragédia que foi a gestão da pandemia de Coronavírus no Brasil, com mais de 662 mil mortos, ele não pode permanecer no poder diante de sua política deliberada de genocídio dos povos indígenas. Desde crianças aprendemos na escola que é importante preservar os povos indígenas porque eles são nossos ancestrais e têm mais direito à terra do que qualquer um de nós, que não somos indígenas.
Quando Cabral e sua turma chegaram por aqui, os indígenas já ocupavam o território. Aos poucos foram dizimados pelos exploradores. E agora sofrem novo ataque dos homens brancos (garimpeiros ilegais, grileiros e toda a sorte de aventureiros), estimulados pelo discurso violento de Bolsonaro contra os povos indígenas.
De acordo com o Censo 2010, no Brasil existem hoje, aproximadamente, 897 mil indígenas, o equivalente a 0,4% da população brasileira. Entre essas pessoas, cerca de 517 mil vivem em terras indígenas. São hoje 305 etnias e 274 línguas indígenas. Na época em que o Brasil foi descoberto existiam aqui entre dois e cinco milhões de indígenas. Quase a população de toda a cidade do Rio de Janeiro.
Há cinco principais pontos de conflitos entre o governo Bolsonaro e os povos indígenas: a) as demarcações de terras indígenas estão paralisadas; b) a mineração está correndo solta em terras indígenas; c) o presidente planeja expandir o agronegócio nas áreas já demarcadas; d) o discurso de integração dos povos indígenas à sociedade brasileira, curiosamente o mesmo da época do regime militar; e) o aparelhamento ideológico de direita das entidades em defesa dos indígenas, favorecendo o desamparo das próprias tribos.
O indigenista Sydney Possuelo tem afirmado sem sombra de dúvidas de que a Funai, a Fundação Nacional do Índio, abandonou a principal missão para a qual foi criada, que é proteger o indígena, como queria o fundador, marechal Rondon.
A mineração está tão à vontade que outro dia a Polícia Federal prendeu e soltou imediatamente garimpeiros que atuavam ilegalmente num território Xipaya, no Pará.
Neste Dia dos Povos Indígenas do Brasil, portanto, há pouco o que se comemorar. Se pudesse, Bolsonaro mudaria a data para o Dia do Garimpeiro Ilegal. Não duvido nada que algum deputado bolsonarista já tenha sido contratado para criar esse projeto.
Mas não se enganem. Nada disso é por acaso. Num encontro de líderes indígenas, em 2020, o cacique kayapó Raoni Metuktire divulgou um manifesto afirmando “que está em curso um projeto político do governo brasileiro de genocídio, etnocídio e ecocídio”. Sinceramente não vejo o menor exagero nesta afirmativa. O que me espanta é o silêncio da sociedade de modo geral diante de mais essa violência cometida pelo governo Bolsonaro. #PovosIndígenas
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Curumins na Amazônia (Kátia Braga/Pixabay)
Sobre a liberação de garimpeiros ilegais
https://g1.globo.com/pa/para/n
Jorge Antonio Barros é jornalista e editor da página Quarentena News