Por Simão Zygband
O arrogante governador de São Paulo, João (Riquinho) Doria, foi com muita sede ao pote e, depois de trair o seu padrinho político Geraldo Alckmin, pretendia ter uma carreira meteórica (em parte conseguiu), que o levaria de um simples empresário lobista à presidência da República. Moveu mundos e fundos para alcançar seus objetivos narcísicos.
Como de fato era marinheiro de primeira viagem, Riquinho acabou botando os pés pelas mãos e para amargar a sua gigantesca vaidade, não ultrapassa os 3% nas pesquisas de intenção de votos na disputa pela presidência da República, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém uma folgada vantagem em relação ao segundo colocado, o genocida Jair Bolsonaro.
Todos eles, candidatos de direita, fazem governos desastrosos, cujas ideias liberalizantes estão levando o país à ruína, em todos os níveis, seja federal, estadual ou municipal. A maioria do povo não sabe, mas o modelo que eles implantam em suas gestões são as responsáveis diretas pelo caos que o país atravessa.
A direita e a extrema direitas tem algo em comum: costumam favorecer financeiramente seus aliados e amigos e desmontam a rede de proteção social, deixando a maioria da população à própria sorte, bem diferente (sem euforia, é verdade) do modelo implementado pelos governos populares de Lula e Dilma Rousseff, que bem ou mal, procuraram redistribuir renda através de um vigoroso mercado de trabalho regular, com respeito aos direitos trabalhistas (o desemprego estava abaixo dos 7%), com programas sociais distribuidor de renda como o Bolsa Família e até um arrojado projeto habitacional, conhecido com o Minha Casa, Minha Vida. Também houve forte investimento na área de educação superior, com Prouni e Fies, por exemplo.
Mas a direita e a extrema direita acharam estes programas muito custosos e muito caros para ser financiados com dinheiro público. Afinal, conforme disse o próprio João Doria, que queria implantar na merenda escolar um tipo de ração humana (com o apoio da Diocese de São Paulo), um alimento horrível que não descia em hipótese alguma na garganta até do mais ogro glutão. O que disse o então prefeito Doria sobre o seu projeto alimentar, em forma de pergunta: “Mas pobre tem paladar?”. Na sua cabeça, os estudantes pobres deveriam engolir a ração para baratear os custos do governo com a alimentação. Queria ver ele dar esta comida a seus filhos, servidos por garçons nos banquetes em sua luxuosa mansão no nobre bairro dos Jardins, em São Paulo.
Doria tenta agora tirar um coelho da cartola e parece ter descoberto tarde que apoiar o genocídio talvez dê votos. Estão aí os quase 30% de intenção de votos que tem o capitão da reserva, o inominável presidente da República que não nos deixam mentir, uma espécie de masoquismo coletivo daqueles que ainda apoiam o projeto bolsonarista de destruição do país.
Então, juntamente com seu marqueteiro, Doria teve uma brilhante ideia: já que a morte e as doenças dão voto, então vamos permitir que todos andem sem máscaras em locais abertos e fechados, com raríssimas exceções. Não são poucos os especialistas que criticam a decisão, ainda mais agora que a pandemia volta a atacar pesadamente a China, onde já estão novamente confinados em várias cidades, cerca de 20 milhões de chineses.
É verdade que, em determinado momento, Doria foi punido exatamente por tentar fazer o certo, ou seja, implantou um duro confinamento de mais de 3 meses em São Paulo (a revelia do governo federal) e incentivou a produção de vacinas contra a Covid-19. Ele entra assim na lista de personas non gratas que ganharam o descontentamento público, como o ex-deputado paulista Fábio Feldman, que lutou pela exigência do uso do cinto de segurança nos automóveis e nunca mais se elegeu.
Este mundo maluco do avesso, do avesso, do avesso, do avesso, como canta o poeta Caetano Veloso, é o que temos para hoje: pretos racistas, judeus nazistas, padres e pastores benzendo as armas de fogo e pessoas, como Bolsonaro, que ganham projeção e até votos por agirem de maneira estúpida. Que não me deixe mentir o cretino presidente da Ucrânia, o humorista Volodymyr Zelensky, que desafiou o cruel Bull Dog do vizinho russo, com seu exército de mercenários neonazistas e junto com a esposa, em plena guerra, foi posar para a capa da revista Caras em Portugal.
Haja cretino no mundo!