Por Nelson Marques
O professor de história e fundador da Uneafro Brasil, Douglas Belchior, escreve hoje (06/12/21), na Folha de S. Paulo, artigo com o título “Lula e Haddad”. No texto, o professor Belchior defende a candidatura única da esquerda em São Paulo em torno de Fernando Haddad, afirmando – em meio a elogios justos ao ex-prefeito paulistano – que “a conjuntura e a correlação de forças não permitem aventuras e arroubos de vaidade”. Fica claro que o professor, de maneira inequívoca, pede a retirada da candidatura de Guilherme Boulos da disputa em SP em favor de Haddad.
Acredito que pedir a retirada de uma candidatura – a de Boulos – que já se mostrou forte a ponto de chegar ao segundo turno nas eleições paulistanas do ano passado contra a máquina tucana – não pode deixar de vir acompanhada de alguma proposta real para quem, eventualmente, se disponha a se “sacrificar” pela vitória da esquerda em São Paulo.
Essa proposta poderia ser a garantia de uma candidatura única da esquerda para a Prefeitura de São Paulo, em 2024, de Guilherme Boulos. É um acordo que, na minha opinião, poderia ser aceito por todas as forças envolvidas e que evitaria para o PT um novo fiasco nas eleições paulistanas. É sempre bom lembrar que, no ano passado, o partido lançou como candidato em SP Jilmar Tatto, que ficou atrás de Márcio França, Celso Russomano e , incrível, até do ridículo Artur do Val, o “Mamãe falei”. Essa lição dolorosa para o PT, em uma cidade em que o partido sempre disputou com chances reais a vitória, elegendo três prefeitos, não deveria ser esquecida nunca, principalmente agora que o partido, de certa forma, pede para Boulos se “sacrificar” em nome da vitória da esquerda no estado de São Paulo.
O quê não podemos fazer, nesse momento, é perder a chance histórica de elegermos um candidato de esquerda em São Paulo. Aqui, após a volta das eleições diretas, sempre tivemos o PMDB – com Montoro, Quércia e Fleury – e os tucanos – com Covas, Alckmin, Serra e Dória. Passou da hora de elegermos no estado mais populoso do país e com a maior economia, um candidato que se seja representante autêntico dos milhões de trabalhadores paulistas e enterrar de vez a tucanada incompetente e reacionária.
Nelson Marques é jornalista e produtor de TV
Resposta de 0
Não é fácil fazer acordo para eleição de cargo executivo com 3 anos de antecedência. A conjuntura deverá ser analisada no período pré-eleitoral. Mas é possível demonstração de respeito e solidariedade, inclusive em relação à vaga senatorial e à composição de eventual secretariado ou ministérios…