Por Simão Zygband
Sou o mais otimista de tudo que vi e li sobre o desempenho de Fernando Haddad no debate da noite desta segunda-feira (10) na TV Bandeirantes. Achei que ele teve um comportamento exemplar, medindo bem os seus passos e suas palavras, explorando com bastante desenvoltura a liberdade espacial que o modelo do programa proporcionou.
Além de tudo, se isso tiver alguma serventia (mas em televisão tem), ele é um bonitão, o que facilita muito as coisas. Mas na política nem sempre é este predicado que é levado em conta pelo eleitor.
Vou me ater a alguns pontos que considerei fortes do candidato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo;
1) Haddad foi muito claro (e professoral) em suas propostas;
2)Teve uma presença de cena fundamental para TV;
3)Não humilhou o seu adversário, apesar de ter tido várias oportunidades para isso (inclusive quando Tarcísio de Freitas chamou de Campos dos Elíseos o bairro de Campos Elíseos, na capital paulista, mostrando que ele é um paraquedista);
4)Não entrou no jogo equivocado de dizer que Tarcísio é um forasteiro e que quer ser candidato a governador de um Estado que ele não conhece;
5)Foi elegantemente pontiagudo ao apontar que Tarcísio foi por quatro anos ministro de Dilma Rousseff, fato que a maioria esmagadora dos telespectadores desconhecia;
6)Conseguiu delimitar bem as suas diferenças de propostas em relação a seu adversário. Se colocou contra as privatizações, mas flexível nas parcerias público privadas;
7) Pela primeira vez, consegui identificar na maneira do Haddad falar e se comportar a sua ascendência árabe, muito importante para conquistar um eleitorado historicamente refratário ao PT;
8)Fez a defesa das propostas de Lula, apontando os vários equívocos do inominável Bozonazi. Trouxe a discussão nacional para o debate. Ajudou, assim, o ex-presidente, que trava uma luta palmo a palmo com o inimigo, mostrando-lhe fidelidade. Cesta de 3 pontos para Haddad.
Bem. Há de se ressaltar que Tarcísio de Freitas certamente é o melhor quadro do bolsonarismo (bem diferente da Mourão, Astronauta, Damares etc), ao contrário do seu chefe, o energúmeno miliciano ocupante da cadeira presidencial. Tive a impressão que ele está do lado errado da história e logo se aperceberá disso.
Enfim, se mantiver este nível nos demais debates, sobretudo no fatídico da Rede Globo, dificilmente Haddad não será o próximo governador de São Paulo.
Não será surpresa nenhuma.