Por Moisés Mendes
O governo tem a obrigação de informar todos os que foram monitorados criminosamente pela Abin durante o governo Bolsonaro, cujos nomes aparecem em relatórios clandestinos da facção que atuava dentro da agência.
Não pode existir segredo em torno das informações. Políticos, jornalistas, líderes sindicais, artistas, advogados, juízes e até ministros do Supremo eram vigiados pelos criminosos.
Todos têm o direito de saber o que as quadrilhas de dentro da Abin faziam com seus nomes e as informações sobre as suas vidas.
Chefias
A operação da Polícia Federal contra arapongas da Abin revela que gente importante no governo de Bolsonaro, na estrutura da agência, mantinha função de chefia no governo Lula.
Ah, mas não sabiam. Como não sabiam? Como líderes da área de inteligência mantêm dentro do governo, em cargo de comando, um sujeito acusado de trabalhar numa estrutura criminosa para Bolsonaro.
Pode? Que inteligência é essa?
Bagrinhos
A operação de hoje da Polícia Federal contra arapongas da Abin, que monitoravam a vida de ‘inimigos’ de Bolsonaro, aciona a mesma pergunta de sempre.
Vão conseguir chegar aos chefes ou pegarão de novo os bagrinhos que vigiavam os celulares de políticos, jornalistas, juízes, religiosos e até ministros do Supremo?
O hoje deputado federal Alexandre Ramagem, do PL do Rio, era o chefe da Abin na época da perseguição. E o chefe dele no Gabinete de Segurança Institucional era o general Augusto Heleno.
Não sabiam de nada? Os agentes que operavam o esquema vão dizer para quem trabalhavam?
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)