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Governo Bolsonaro leva milhões de brasileiros ao desespero

Por Simão Zygband

O aumento da pobreza no Brasil é considerado o pior resultado da América Latina nos últimos anos.

Esta semana um episódio ganhou grande repercussão nas redes sociais. Um soldado da PM sentou-se no chão para conversar com uma mulher que teve um surto no meio de um supermercado, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Ela estava desesperada por estar sem emprego na pandemia e não ter dinheiro para comprar alimentos.
Quando as pessoas assustadas chamaram a polícia, todos esperavam que ela fosse detida e tratada com a habitual rispidez, comuns na abordagem policial. Mas o policial se apiedou da mulher e decidiu, primeiramente, conversar com ela e saber o motivo de seu desespero.
“Ela não tinha o que comer. Disse que não aguentava mais viver daquela forma, e aí nesse momento eu percebi que se tratava de uma pessoa que necessitava urgentemente de ajuda. Foi quando nos sentamos no chão do estabelecimento”, contou o policial apenas identificado como soldado Gomes.
Lógico que ganhou notoriedade, por questões óbvias, a conduta do soldado Gomes, que se mostrou, antes de tudo, um ser humano que se comoveu com a história da desempregada.
Mas é importante destacar no episódio o grau de desespero que o governo Bolsonaro tem trazido para os brasileiros. Já são 15 milhões de desempregados sem que o governo genocida tome qualquer providência. Depois de uma década de redução da pobreza, 85 milhões de brasileiros (os 40% mais pobres) tiveram perdas contínuas na renda nos últimos cinco anos, de acordo com o Banco Mundial.
De 2003 a 2014, durante os governos Lula e Dilma, o Brasil viveu uma fase de avanço econômico e social. No período, aproximadamente 25 milhões de pessoas deixaram a pobreza e tiveram melhora na renda e na qualidade de vida.
A partir de 2014, no entanto, os mais pobres têm sofrido os efeitos da política de austeridade imposta pelos governos de Michel Temer e Bolsonaro. A desigualdade voltou a subir.
Entre 2014 e 2019, enquanto o rendimento médio dos brasileiros aumentou 0,3% ao ano, a renda dos 40% mais pobres teve queda, em média, de 1,4% ao ano. Segundo o Banco Mundial, se houvesse distribuição dos ganhos de forma igual entre a população, este ano, o Brasil teria 13 milhões de pessoas a menos vivendo em pobreza (renda de R$ 499,00 ao mês) e 9 milhões fora da pobreza extrema (renda de até R$ 178,00 por mês).
O aumento da pobreza no Brasil é considerado o pior resultado da América Latina nos últimos cinco anos. Obviamente, a situação está relacionada à mudança na política econômica. Agora, com Bolsonaro no comando do país, a piora é sentida cada vez mais, não somente pelos mais pobres, mas pela classe média que também enfrenta um processo de proletarização. É um governo direcionado exclusivamente para o grande capital e isso traz graves consequências.

 

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