Por Adriana do Amaral
Há mais de um ano o brasileiro espera a sua vez na fila da vida
Talvez por recomendação do novo ministro da saúde, a assessoria de comunicação da pasta passou a divulgar o número dos infectados pela #Covid-19 que foram “recuperados”. Isso, após determinar que os mortos apenas seriam considerados após a ampliação da burocracia, na tentativa de diminuir os números que diariamente assombram pela quantidade de vítimas e inépcia do governo Federal. Enquanto isso, sequer 10% dos brasileiros foram imunizados (parte deles aguardando a segunda dose da vacina).
O governo do Brasil tenta esconder o que o mundo denuncia: somos o epicentro da #pandemia no mundo. E não por sermos o maior território ou mais numeroso e sim decorrência de escolhas políticas. Não foi feita uma campanha nacional de esclarecimento sobre os riscos do #coronavirus, não foram comprados insumos e vacinas contra a #Covid-19 em tempo hábil e quantidade necessária, os hospitais não foram equipados, as medidas protetivas e restritivas foram tardias e insuficientes.
O brasileiro espera pacientemente a chegada da sua vez na fila da vacina. Não por problemas de logística, pois contamos com um sistema público de vacinação experiente e competente, mas consequência da falta de vontade política de combater a #pandemia que, somada à crise econômica aumenta fez aumentar outra fila, aquelas de distribuição de alimento e refeições.
Após a vacinação dos grupos de risco, que incluiu profissionais da saúde, idosos, indígenas e quilombolas, pouco a pouco o público-alvo é ampliado. Em alguns estados foi anunciada a vacinação dos trabalhadores em segurança pública e professores, mas há outros profissionais que não têm a opção de ficar em casa ou atuar em teletrabalho. Entre eles motoristas do transporte urbano, carteiros, trabalhadores da limpeza pública e doméstica, atendentes do comércios que não se fecham, manutenção dos serviços públicos diversos. Também, as pessoas com deficiência, que têm maior risco de desenvolverem manifestações graves da #Covid-19.
O mais estarrecedor, no entanto, é a decisão judicial que privilegia o empresariado e aqueles que podem pagar pela vacina, sem nenhuma contrapartida pública. Grupos minoritários que serão beneficiados enquanto milhões de brasileiros vivem o desequilíbrio, quando o poder do dinheiro aumenta a distância social e diminui as chances de vida. É o projeto vitorioso do desmonte do Sistema Único da Saúde (#SUS). Afinal, a vacinação deveria ser pública, gratuita e a assistência universal.
A falta de políticas públicas aumentam ainda outras filas. Não apenas nas unidades de saúde e UTI, mas a fila do pedágio e estradas. Todos querem viver: mais ou melhor as próprias vidas.
O Brasil deve ficar no final da fila mundial entre os países confiáveis para se investir, imigrar e tornar-se parceiro em qualquer coisa. Uma fila sem fim, que fará aumentar o sofrimento e a desesperança. Uma fila onde quem pode mais sofre menos.
No país que já foi das filas, os fura-filas continuam tenho vez.