Por Tom Cardoso
É preciso fazer justiça – Sócrates não teria a imagem que tem hoje, do engajado líder da Democracia Corinthiana, se, contratado pelo Corinthians, não passasse a conviver com o único jogador negro do futebol brasileiro filiado ao recém-fundado Partido dos Trabalhadores.
Wladimir, além de militante de esquerda, numa época em que muitos conselheiros do Corinthians mantinham relação estreita com o regime militar (Romeu Tuma, por exemplo), estudava iorubá e frequentava os festivais de cultura do Colégio Equipe, dirigidos por Serginho Groismann.
Wladimir foi quem fez a cabeça de Sócrates, que até então se considerava “apolítico”, o que não evitou que ele desse uma entrevista à revista “Playboy”, em 1979, elogiando o presidente Figueiredo.
Eu sinto um cheirinho de racismo ao ver filmes, séries e livros explorando a relação entre Sócrates e Casagrande, enquanto nada é dito sobre a importância de Wladimir na vida do Doutor.
Sócrates nunca quis participar das reuniões do grêmio estudantil da Faculdade de Medicina, em Ribeirão – preferia beber cerveja com os amigos.
Wladimir mostrou a ele que era possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
E deu no que deu.
Viva Wladimir!
Viva Sócrates!
PS; tem muito Wladimir na minha biografia sobre Sócrates. Quem quiser comprar diretamente com o autor, só dar um alô. (Na página de Facebook dele)

Tom Cardoso é jornalista, escritor e crítico musical