Sonia Castro Lopes
Diversas vezes fui chamada de ‘radical’ e ‘esquerdopata’ por familiares e colegas em grupos de whatsApp quando argumentava ter sido golpe a prisão de Lula e a consequente eleição de Bolsonaro. Os mais educados (mas ainda assim provocativos) denominavam-me ‘petista’ como se isso constituísse alguma desqualificação ou desonra.
Mas o mundo dá voltas. Hoje temos conhecimento da pressão feita pelo general Villas Bôas sobre o STF para que fosse negado ao ex-presidente o habeas corpus que poderia tê-lo livrado da prisão. O famoso recado tuitado às vésperas do julgamento e elaborado, segundo o general, com apoio dos demais membros do Alto Comando do Exército produziu sobre os ministros o efeito desejado. Pelo apertado placar de 6 x 5 Lula teve seu destino traçado com a decretação de sua prisão no dia seguinte.
Hoje sabemos quem é o ex-juiz Sérgio Moro, alçado a condição de herói nacional por um esquema midiático jamais visto. A classe média, cliente preferencial dos serviços das mídias que comandam o mundo do espetáculo, vibrou com a prisão do ex-presidente e migrou em peso para o candidato favorecido. Foram capazes de tolerar e até justificar as grosserias e falas criminosas do capitão a ponto de trair os partidos políticos de centro-direita aos quais sempre aderiram. Embarcaram na onda de extrema direita e desidrataram as candidaturas recomendadas ao público como opções ‘democráticas’ para escapar às polarizações entre petistas e bolsonaristas. Muitos deles, hoje se mostram arrependidos. Tarde demais!
Nesse domingo (14) li com satisfação no #Portal Uol o artigo de Chico Alves – ‘Golpe’ é palavra a ser resgatada para definir o que houve com Lula e o PT – que se remete à matéria das jornalistas Mônica Gugliano e Tânia Monteiro publicada na #Revista Piauí. A reportagem em tela esclarece que o general Villas Bôas encontrou-se com o ministro Dias Toffoli em agosto de 2018 para “determinar o rumo que deveria tomar a eleição presidencial, marcadas para dois meses depois.” Toffoli teria prometido ao general que enquanto ocupasse o cargo de presidente do STF Lula não seria libertado.
Agradecido, Jair Bolsonaro curvou-se ao general, já enfermo, dias depois de sua posse e sentenciou: “O que conversamos morrerá entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui.”
Então, companheiros, o que me dizem? Foi ou não foi golpe? Cartas para a redação, por obséquio.
Ler o artigo completo em: https://noticias.uol.com.br/colunas/chico-alves/2021/03/13/golpe-e-palavra-a-ser-resgatada-para-definir-o-que-houve-com-lula-e-o-pt.htm