Por Eliana Toscano
Fiquei em situação de calçada por quase dois anos, e tentava manter uma rotina para preservar a minha saúde mental. Comecei a levar informação e conscientizar os meus irmãos e irmãs de rua dos seus diretos.
Fui ameaçada por alguns membros da #SegurançaPública e por alguns “cidadãos de bem” da dita sociedade normativa. Fui questionada, discriminada e sempre usei da polidez e da inteligência para, também, informar.
O baguí é muito loko!
Fui Conselheira do #ComitêPopRua da #SecretariaMunicipaldeDireitosHumanoseCidadania da cidade de #São Paulo e, posteriormente Assessora Técnica I, após um processo seletivo. Atuei por quase dois anos como ponte entre a rua e o Poder Público.
Mediei muitos conflitos. Principalmente na #cracolândia e nunca deixei a minha família da rua.
Hoje, sou empreendedora social e tento levar alívio e carinho às pessoas em situação de alta vulnerabilidade. É uma junção social/saúde e que cada um deva ser respeitado dentro da sua particularidade e do seu tempo.
Orgulho-me dos que se superaram e conseguiram mudar a sua realidade. Entristeço-me com os que perdi no desencarne.
Há solução, mas os métodos aplicados são ineficazes.
Acredito que o social/saúde/educação/cultura/esporte e lazer/trabalho e renda/habitação ainda é a melhor solução quando bem investidos. As residências inclusivas e coletivas (coliving) são uma ótima perspectiva, alinhada ao que já citei, para o resgate da cidadania.
Dinheiro tem.
Falta boa vontade.
Sobre a Autora:
Eliana Toscano é professora e educadora social. Atua no desenvolvimento sociocultural humano como empreendedora social. Ex-moradora de rua, conhece bem as mazelas, o companheirismo e as políticas públicas que teriam respaldo do Povo da Rua