Especulações absolutas e cruéis

Por Alfredo Herkenhoff

 

O caco de vidro que mergulhou como um míssil e atingiu a jugular da belíssima torcedora foi o resultado de um choque de duas garrafas no ar: uma jogada por um palmeirense, uma jogada por um rubro-negro.

Estão dizendo que a belíssima jovem palmeirense não é nenhuma Joana D’Arc: estão dizendo que ela, por tatuagens e vestuália de torcedora, seria uma radical, estão dizendo, sem provas, que ela era chegada à organizada, chegada logo à Mancha Verde, a Alvi-Verde, a mais temível, a famigerada.

Estão dizendo tudo e mais. E tudo é especulação. Nada é verdade. Bolsonaristas estão no ar até porque não têm nada a dizer sobre economia e reformas.

O delegado parece não ter isenção esportiva nem federativa. Acusou o rubro-negro sem exibir provas cabais. Agiu como torcedor geopolítico regional. Criminalizou um indivíduo no meio de uma quizumba de torcedores se agredindo e se atirando objetos diversos.

A polícia de SP se exibiu como um fracasso rotundo: chegou só depois do joga-pedra e merda na Geni, e ainda jogou gás de pimenta que atingiu o gramado da contenda. Duas paralisações… Quase dez minutos de falta de ar respirável.

Até agora uma linda jovem vítima de corte na jugular por caco de vidro e temos um flamenguista otário no papel de assassino oficial do delegado, tudo patético, ninguém fala das organizadas nem dos cartolas que não dão entrevistas e acusam o sistema.

Já vi esse troço bolsonarista antes.

Os cartolas do Palmeiras e Flamengo não ajudam nada para reduzir a violência nos estádios e nas redes sociais.

A CBF com seu VAR maluco só estimula a violência dos torcedores cada vez mais fanatizados e desconfiados.

A violência crescente de torcedores de futebol não é coisa do Brasil, é do mundo, decorre do crescimento da extrema direita usando a era digital, a guerra híbrida, para turbinar a loucura nos cinco continentes.

E essa guerra híbrida é para enriquecer os ricos, empobrecer os pobres. É uma arma contra os torcedores do Palmeiras e contra os torcedores do Flamengo.

Essa radicalização falando em liberdade de expressão, democracia e etc é para ferrar o Brasil e o mundo!

Alfredo Herkenhoff é jornalista e escritor. Trabalhou por 20 anos no JB em várias funções, de secretário a colunista do Caderno B. Colaborou com o semanário Opinião nos anos 70.

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