Escândalo na Educação

Recursos da educação na mão de pastores evangélicos

Por Sonia Castro Lopes

Parece que estamos a um passo de nos transformar numa República de Gileade, sim, aquela série de ficção baseada no livro O conto da Aia. A educação de nosso país está nas mãos de um gabinete paralelo que dispõe a seu bel prazer dos recursos da pasta para beneficiar prefeitos e pastores amigos do ex-capitão.

Um grupo de pastores sem qualquer vínculo com a administração pública ou com a área da educação comanda um gabinete no MEC  e decide não só a agenda do ministro como a destinação das verbas da pasta. Esse grupo de evangélicos tem à frente os pastores Gilmar Silva dos  Santos e Arilton Moura Correia que se deslocam em aviões da FAB e fazem lobby para prefeitos e empresários alinhados ideologicamente ao governo.

Os pastores atuam como intermediários entre o MEC e políticos ligados ao Progressista, Liberal e Republicanos, legendas que integram o Centrão e apoiam o presidente em sua batalha pela reeleição. Aliás, é esse bloco que controla o Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), fundo que concentra quase R$ 1 bi do orçamento da Pasta.

Hoje (22) foi veiculado um áudio nas redes sociais no qual o próprio Ministro da Educação reconhece que favorece os amigos do pastor Gilmar (Gilmar Santos) a pedido de Bolsonaro, de quem o líder religioso é amigo. Na gravação Milton Ribeiro afirma:

“(…)  A minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos que são amigos do pastor Gilmar (…) foi um pedido especial que o Presidente da República fez para mim…”

Mas esse conluio não surgiu agora. Antes mesmo da chegada de Milton Ribeiro à pasta, essa dupla de pastores já era recebida no Palácio do Planalto pelos “amigos” Bolsonaro e Mourão. Gilmar Santos é líder do Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus, em Goiânia e Arilton Moura é seu assessor, responsável pelo setor de “Assuntos Políticos” da Igreja. A dupla desde então negocia com prefeituras a liberação de verbas federais para obras em escolas e creches públicas, em escolas privadas e, em troca, recebe apoio para construção de igrejas e disseminação da doutrina evangélica nessas instituições de ensino.

Tal procedimento não pode ser caracterizado como tráfico de influência? Recursos que deveriam ser destinados à educação pública são usados para instalar um fundamentalismo religioso com vistas à vitória de Bolsonaro nas próximas eleições e à dissolução do Estado Laico previsto pela Constituição Federal. E fica por isso mesmo? Onde estão o Ministério Público e o Congresso Nacional que não impedem esse escândalo?

 

Acessem o link para ouvir o áudio do Ministro da Educação, o também pastor presbiteriano Milton Ribeiro

https://www.instagram.com/reel/CbahEEYlNzC/?utm_medium=share_sheet

 

 

 

 

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