Por Simão Zygband
Não tenho dúvidas de que o deputado federal Guilherme Boulos será um excelente prefeito de São Paulo. Ele reúne as qualidades do jovem de classe média paulistana com a linguagem da periferia. É um combo completo para administrar a maior cidade da américa Latina. Jovem, dinâmico, de luta, com disposição de arregaçar as mangas e botar ordem na casa.
Para ajudar, nesta terça-feira (25) anunciou a sua equipe para elaboração do plano de governo. Gente extremamente gabaritada, de elevada estirpe, intelectuais e grandes referências em suas áreas.
“A gente reuniu uma verdadeira seleção de especialistas dos mais variados assuntos, que estão escrevendo junto comigo e com a Marta [Suplicy] um programa de governo completo e embasado para São Paulo”, disse o deputado federal e pré-candidato que lidera hoje as pesquisas para a disputa das eleições municipais, prevista para 6 de outubro. Ou seja, na surdina, já estamos em cima dela.
A equipe de programa de governo, apesar da excelência dos nomes apresentados, demonstra um estranhamento interno de diálogo com um grupo forte dentro do PT, que aparentemente não possui nenhum representante no grupo. Trata-se dos Tattos, os irmãos influentes na Zona Sul de São Paulo (e não só nela), que andaram de “romance” com o incompetente prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, cujo padrinho político é o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, um político que tem estreitas ligações com Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da concessionária de ônibus Transwolff, suspeito de lavar dinheiro do grupo mafioso PCC no transporte público.
A Equipe de Trabalho de Boulos não possui até agora pessoa ligada aos Tattos, um grupo político do PT, que controla o diretório municipal de partido, possui dois vereadores (Arselino e Jair), um deputado estadual (Ênio) e dois deputados federais (Nilton e Jilmar, que é também secretário nacional de Comunicação do PT). São também da Zona Sul de São Paulo, o mesmo reduto de Milton Leite e do próprio Ricardo Nunes.
Os Tattos sempre demonstraram uma certa resistência a ter Guilherme Boulos, do PSOL, como cabeça de chapa na disputa da prefeitura de São Paulo. Na tese deles, o PT teria condição de eleger mais vereadores (ligados a eles, efetivamente), tendo o candidato a prefeito. Não seria aconselhável que o candidato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixe um grupo político tão forte de fora de seu governo ou do grupo que vai elaborar o programa de gestão. Não que eu, particularmente, defenda a presença deles. Acho apenas recomendável. Aliás, os próprios Tattos devem se decidir logo de que lado estão.
O certo é que Guilherme Boulos, apadrinhado por Lula, deve vencer as eleições, com Tatto ou sem Tatto. Mas a ausência deles atrapalha um bocado. Uma ótima questão para presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, se debruçar nos próximos dias.
Confira os nomes anunciados por Boulos
Ana Camila Miguel, Orçamento Público;
Ana Odila, Transporte Público;
Aldaíza Sposati, Assistência Social;
Andreia Batista, Igualdade Racial;
Benedito Mariano, Segurança Pública;
Celso Carvalho, Meio Ambiente;
Cida Perez, Educação;
Daniel Annenberg, Gestão e Inovação;
Daniel Cara, Educação;
Educardo Silva, Meio Ambiente;
Gonzalo Vecina, Saúde;
Joselicio Junior, Cultura;
Marco Antonio Rocha, Desenvolvimento Local;
Marianne Pinotti, Saúde;
Nathalia Oliveira, Direitos Humanos;
Rafael Calabria, Transporte Público;
Ramatis Jacino, Igualdade Racial;
Raquel Rolnik, Urbanismo.