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Entre o PCC e as milícias

Por Simão Zygband

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Reprodução/Reuters

Nem o mais atento estudioso marxista poderia supor que esta etapa do capitalismo, com evidente tendência de decadência, fosse desembocar em aprofundamento de esquemas mafiosos, onde cada cidadão se acha muito esperto, ladino, atuando individualmente para se locupletar, abandonando o ideal de solidariedade pregada pelo catolicismo, através das palavra de Jesus Cristo. Conviver com máfias como Primeiro Comando da Capital (PCC), com atuação mais paulista e milícia, o crime organizado carioca, foi se tornando uma coisa natural.

Vamos pegar como exemplo o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que nunca se elegeu nas urnas, mas foi herdeiro do espólio do finado prefeito Bruno Covas, neto do expoente Mário Covas. O edil municipal considerou que não era sua obrigação “apurar a conduta das empresas contratadas pela Prefeitura”. A frase denota total desconhecimento da administração pública, para qual ele não foi eleito, mas entrou à reboque, de carona.

O suposto prefeito, que agora se ajoelha pedindo as benções do miliciano Jair Bolsonaro e de seu fiel escudeiro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, farão o trio que ajudará a implantar uma gestão “privada” na Sabesp, de olho no butim que significa a privatização dos serviços de água e esgoto.

Quanta gente não vai ganhar dinheiro repartindo um bem que pertence ao povo de São Paulo, através do gerenciamento de uma empresa pública, que permite tarifas inclusive sociais? Não muito diferente do que faz Ricardo Nunes ao se pouco incomodar que uma facção criminosa como o PCC controle um setor dos transportes na cidade que ele diz governar.

Ricardo Nunes e Tarcísio de Freitas ( e por que não dizer Jair Bolsonaro) representam modelos de negócios prediletos pelas máfias. Imagina como será facilitado para o crime organizado, o PCC paulistano e as milícias cariocas, a gestão de transporte da capital e das águas em São Paulo, adotando um mesmo modelo que encareceu os serviços de água e esgoto no Rio de Janeiro.

Ricardo Nunes como (sic) prefeito diz que não sabe o que significa concessionar uma linha de ônibus para uma facção criminosa como o PCC. Se faz de besta, óbvio. Nada a se estranhar de alguém que faz da política um grande negócio e que se ajoelha ante o capo Bolsonaro para tentar uma “reeleição”. Será de fato agora testado nas urnas. Como edil, deixa muito a desejar. Foi uma herança maldita do Bruno Covas, que preferiu morrer na cadeira de prefeito, tendo, é verdade, apoio da maioria dos moradores de São Paulo. E depois estranham a moça que levou o tio (Paulo) morto ao banco.

As empresas de transporte que supostamente não eram do conhecimento do prefeito Nunes, a  Transwolff e Upbus, são investigadas pelo MP por um possível envolvimento com o PCC. Segundo os investigadores, uma relação de longa data. A UpBus atende a zona leste da capital com 159 ônibus e a TransWolff, com uma frota de 1,2 mil veículos, opera na zona sul de São Paulo.

Juntas, as empresas receberam mais de R$ 800 milhões da prefeitura de São Paulo em 2023. Dez dirigentes da Transwolff e 18 dirigentes da UPBus foram denunciados pelo Ministério Público. As acusações são de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Tudo, evidente, sem o interesse e conhecimento do prefeito, que desembolsou R$ 800 milhões do nosso dinheiro, para a bandidagem.

Simão Zygband

Simão Zygband é jornalista em São Paulo, editor do site Construir Resistência, com passagens por jornais, TVs e assessorias de imprensa públicas e privadas. Fez campanha eleitorais televisivas, impressas e virtuais, algumas vitoriosas

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