Por Luis Otavio Barreto
Se um bolsonarista te chamar de v.@.dnho eskroto, meu bem, esteja certo de que você no dia mais libidinoso da sua vida, naquele dia em que você poderia ser eleito o embaixador de Sodoma e Gomorra, naquele dia em você faria corar a Cicciolina, você não chegaria aos pés daquilo que se passa dentro da cabeça de um sujeito como aquele. Não duvide!
Eu tenho vasta leitura sobre o tema. Posso garantir! Gregório de Matos, o boca do inferno, Bocage, Nelson Rodrigues, hahahah…literatura para donzelas casadoiras… na calada da noite, nos grupos de telegram, nos históricos apagados, nas navegações anônimas, no sigilo dos matagais, das ruas escuras, dos motéis da dutra, nos apps sem foto, essa gente se refestela com nudes, fetiches, papos que nem as mariposas da Vila Mimosa, em sua larga experiência e perícia, seriam capazes de traduzir. Umas até se negariam a tamanha saliência!
Nunca viu um distinto senhor, de terno, telefonando num orelhão da Cinelândia?! Ah, os maravilhosos tripés que garantem a estabilidade da sociedade de homens de bem e o conforto de pudicas senhoras! Humpf! Já é tradição! Já está enraizado na cultura matrimonial de uma parcela da sociedade que marcha a lá canarinho, em defesa da moral, do Brasil e do mito.
Portanto, quando te xingarem por sua sexualidade, esteja certo: há ali um poço safadezas. E covardias! Xingam porque nunca poderão assumir, nunca poderão sair dos sigilos, das navegações anônimas, das escuridões dos becos, das estradas, dos cinemas antigos, das trevas…
Luis Otavio Barreto é músico pianista e professor de língua portuguesa.