Por Virgílio Almansur
Um dos mecanismos de defesa do assediador pedófilo, por excelência, é projetar seu desejo na vítima. Não raro a culpará (afinal… são venezuelanas — o que basta para tipos mamãe falei como com as louras ucranianas…).
O clima corre sempre na cabeça do assediador-abusador que faz dele uma efeméride. Lembram do áudio do deputado cassado? Pintou um clima e mais: as meninas na fila de refugiadas davam bola pra ele… Quê cabecinha, não é?!
É a mesma situação do clima do marido de micheque, que tenta, junto a damares, buscar “as meninas” para um vídeo em defesa do moleque da casa de vidro. Mais abuso! Mais assédio!
Acostumado a invadir casas na Muzema e Rio das Pedras, RJ, no longínquo anos 80, o “posso entrar na sua casa” para uma menina de 14 anos submetida ao clima nocivo (por que não doentio?), confere outro perigo e substância jurídica para invasão domiciliar.
O 1º. servidor da nação, enquanto funcionário público, tenta fugir da situação carregando, como damares, a pecha de prevaricador. De nada adiantarão salamaleques em desculpas evasivas, eis que o sentido do abuso vai muito além de um comportamento pedofílico, que já seria danoso, mas de um perfil perigoso que vimos retratado em diversas ocasiões nesses quase quatro anos de angústia.
O miliciano mor é abjeto em essência. Lendo ontem o J.P. Coutinho, ao se referir a Dahmer, um canibal, série recentemente estreada na Netflix, ele tenta trazer contornos à maldade humana, quando se refere ao filósofo Terry Eagleton, no seu ensaio “Sobre o Mal”: o mal é tedioso porque não existe vida nele. Vai além e procura situar esse mesmo mal como destituído de vida interior, território sempre interdito.
Meu maior receio é quanto a intimidade do despresidente e o quão mal seu mal faz envolvendo as cercanias. Não por acaso, um leitor, também da folha-falha, trouxe mais elementos tanto ao texto do articulista como ao personagem canibal, que tem raízes na relidade.
A pessoa má não é cheia de maldade ou vazia de bondade. A pessoa má é cheia de vazio!
Essa constatação de Becker, o companheiro leitor, dá a dimensão perigosa a que estamos submetidos — e cerca de 50 milhões sustentam e dão respaldo àquilo que um amigo e colega me chama a atenção quanto ao diagnóstico do tenente incontinente: psicopatia.
Particularmente não gosto e nem me sinto à vontade com diagnósticos a esmo. Essa é uma prática particularíssima e requer cuidados. No próprio texto o perigo: “se dotarmos o mal de uma qualquer ininteligibilidade, isso significa, perversamente, que nunca poderemos responsabilizar o psicopata pelos seus atos”. Ele é como é e não poderia ser de outra forma. É a sua natureza. Como culpar a natureza? Uma reflexão cuidadosa…
Genericamente, e me aproveitando ainda do articulista, “o psicopata não tem nada para revelar, exceto o medonho vazio que o habita”.
Eagleton ainda nos presenteia com uma pérola, aproveitada por J.C. Coutinho: “… o psicopata quer abrir os corpos dos outros para confirmar que também ali há o mesmo vazio que o consome”. Precisará sempre abusar, corromper, violentar, comer… Ali habita um canibal!
Não raro essa conduta é observável e sempre trai seu portador. Se o próprio toque físico, como diz o articulista, de um pai ou dos namorados, — “de qualquer pessoa dotada de calor humano” —, é uma ameaça existencial, a verdadeira, repito: a verdadeira intimidade, então, revelará o que somos.
Já, o psicopata, como dissemos, não tem nada para revelar! O tal medonho vazio é medonho porque aterrorizador, assombroso, ameaçador — e requer cumplicidade! O vazio que habita o psicopata sempre requer, na ordem do sofrimento, levar esse sofrimento, compartilhá-lo, sofrendo e fazendo o outro sofrer…
Aí perguntaremos: quê toque foi aquele do incumbente no ombro esquerdo de Lula durante o debate na Band? Ou ainda, quando o chama, apontando para o chão e pede que chegue pertinho de si, mostrando um lugar a seu lado? (Algo, ainda bem, não correspondido por Lula).
O que vimos e assistimos foi a estética do mal, do vazio, do abuso premeditado! Vimos um ator de quinta expor seu vazio crônico.
Sem vida interior, a proposta jamais se consuma em toques e sim em abusos, violências e estupros. Situação inusitada que sabemos calculada, carrega a artificialidade que o discurso do miliciano tão bem denunciou em duas oportunidades frias ao apenas colocar-se refém de seus instintos frente às venezuelanas.
“Posso entrar em sua casa” é a mão sobre o ombro de Lula, antecipando uma atitude de mais abuso e assédio desmesurados.
Relembro, aqui, o artigo do Pratinha, num domingo na folha: “Mamãe! Por que você está azul?”. Tratava-se do caso de dois irmãos (um menino bem pequeno e uma menina de 4 aninhos) submetidos à violência, levados à frente dos pais, sob tortura bárbara, pelo herói do inominável, o brilhante ustra. A mãe azul devido a edemas (porradas e choques!), causou espanto na menina que a indagou pela cor. Quatro (4) aninhos!!!
Relembro, ainda, os elogios a um serial killer paraguaio, o general stroessner, homenageado pelo dono do “pintou-um-clima” abusivo. O ex-presidente do Paraguai violentou 1.600 adolescentes! Capturava-as em blitzes, cognominadas “chapeuzinho vermelho”, contando com sua entourage militar. Média das idades: 12 aninhos… Doze anos!
Se o destino bateu à porta dessas meninas em Brasília, creio que também nos trouxe o resultado de um outro destino: o reservado aos namorados das ditaduras. O despresidente já elogiou tanto assassinos regionais, que conviveu muito bem com o executor de Marielle e sogro temporário de seu filho jair; mas foi além, homenageando o monstro pinochet e seus procedimentos bárbaros (também pedófilo como stroessner).
Outrossim, sugeriu a fujimorização do Brasil, se espelhando no monstro Alberto Fujimori do Peru, condenado a 25 anos pelos crimes praticados em seu país.
Essas são as peripécias mais que criminosas de um candidato a serial killer.
Vem mais…
Virgílio ALMANSUR é médico, advogado e escritor.