Descontrolado, Bolsonaro ataca jornalista no debate, mente sobre auxílio e Lula contesta

Da Hora do Povo

 

Foi agressivo com a jornalista Vera Magalhães, que fez uma pergunta que ele não conseguiu responder. “Vera, não podia esperar alguma coisa de você. Você dorme pensando em mim, tem alguma paixão por mim. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”, agrediu e causou grande desconforto em todos

 

A mentira é a principal ‘arma’ de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL). O jornalista Rodolfo Schneider perguntou sobre os auxílios à população. A manutenção ou não para o ano que vem. Ele questionou de onde sairá o dinheiro, já que o orçamento para 2023 só prevê R$ 400.

Ao responder à pergunta, o chefe do Executivo mentiu quando disse que o PT havia votado contra a ampliação dos auxílios. O PT e os demais partidos de esquerda votaram a favor, embora tenham criticado, que Bolsonaro só ampliou os benefícios às vésperas da eleição.

Bolsonaro insistiu na mentira de que vai manter o auxílio a partir do ano que vem — embora não tenha colocado no orçamento — e disse que o valor se aproxima do valor necessário a sair da linha da pobreza. Ele disse ainda que está conversando com a equipe econômica, que elaborou o orçamento com os R$ 400 e não com R$ 600.

O ex-presidente Lula lembrou que o aumento de R$ 600 não está na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e disse que Bolsonaro estava mentindo. Ele afirmou que a bancada do PT votou favorável e que tentava colocar os R$ 600 há meses. Ele disse, ainda, que é preciso haver aumento de emprego. E disse que o candidato à reeleição adora citar números absurdos que nem ele acredita e cita venda das estatais.

O primeiro debate presidencial, realizado neste domingo (28) foi exibido pela Band, com candidatos à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D’Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). O debate foi organizado pelo pool de veículos de imprensa que reuniu Folha de S.Paulo, UOL, TV Bandeirantes e TV Cultura.

 

ATAQUE À JORNALISTA, À SIMONE E À SORAYA

A jornalista Vera Magalhães ao fazer pergunta a Ciro Gomes sobre a cobertura vacinal baixa para várias doenças, como poliomielite, com resposta de Bolsonaro, ela tirou o presidente da zona de conforto. Ela perguntou se a desinformação sobre vacina, difundida inclusive pelo presidente, afetou essa busca das pessoas por vacinas.

“Está tudo está fora do lugar no Brasil”, criticou o candidato do PDT. “Choca ouvir o presidente falar que o Brasil está bombando” na economia, disse. “Cinco milhões de brasileiros estão no desalento”. O “desemprego aberto [10 milhões]. Mas o que mais choca, segundo Ciro, é que “quase 50 milhões de pessoas estão esfoladas na informalidade.”

Logo em seguida, Bolsonaro disse: “Vera, não podia esperar alguma coisa de você. Você dorme pensando em mim, tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido no debate como esse. Fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro”. A jornalista não teve a oportunidade de se defender.

Ciro afirmou que “50 milhões de brasileiros vão envelhecer sem aposentadoria”. Sobre vacina, disse que era trivial. A meta quando foi governador era 100%. Ele falou que é o desastre brasileiro por onde se queira considerar.

Na réplica, Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães. Disse que a jornalista toma partido e que ela “é uma vergonha”. E, em vez da resposta, ele gastou o tempo dele com ataques à jornalista, mas também faz ataque a Simone Tebet, presidenciável do MDB. Também sobrou azedume de Bolsonaro contra a candidata Soraya Thronicke, do União Brasil

Ciro também criticou Bolsonaro. “Enquanto continuar esse nível de agressividade o País não vai melhorar”, pontificou.

 

RESGATE DA VERDADE

A instituição do auxílio emergencial de R$ 600 no auge da pandemia, não foi obra do governo. Bolsonaro havia proposto apenas R$ 200. Foi o Congresso que instituiu o valor que mais que triplicou o benefício.

O projeto para ampliação do benefício foi primeiro aprovado no Senado, e depois pelos deputados federais. Todavia, Bolsonaro sancionou o projeto, apesar da enorme emergência do auxilio, no último dia do prazo de que dispunha.

 

RAIVA DAS MULHERES

Perguntando a Bolsonaro, a candidata Simone Tebet (MDB) disse que o atual presidente defendeu assassino e torturadores, comete misoginia e agride as mulheres brasileiras e indagou: “por que tem raiva das mulheres?”

“Me acusa sem prova nenhuma. […] Fui o governo que mais sancionou leis pelas mulheres. […] Não cola mais. […] Chega de vitimismo, somos todos iguais”, disse. “Faz política, fala coisa séria, não fica aqui fazendo mimimi”, completou. Disse que fez muito pelas mulheres. Faltou perguntar por que ele manteve durante quase quatro anos o tarado da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, na presidência do banco, denunciado por abusos sexuais contra as funcionárias e que propôs até uma orgia (“todo mundo nu”). Guimarães era muito próximo de Bolsonaro, estando ao lado dele em muitas lives.

Tebet respondeu que Bolsonaro destila ódio e é uma fábrica de fake news. “Lugar da Presidência é lugar de exemplo, de coisa séria”.

 

‘TCHUTCHUCA COM OUTROS HOMENS’

A postura de Bolsonaro gerou reação da candidata Soraya Thronicke.

“Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada. Aí eu fico brava, sim, e digo mais para você. Lá no meu Estado tem mulher que vira onça, e eu sou uma delas”, criticou Thronicke.

“Eu não aceito esse tipo de comportamento e de xingamento e, acima de tudo, disseminar ódio entre os brasileiros e nos dividir”, ressaltou a candidata.

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